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(Vídeo) “Não vejo nada de cabeça para baixo”, diz baiano portador de rara doença congênita

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Pesquisa da Universidade de Dartmouth sobre o caso de Claudio Vieira indica que ele reconhece mais rostos invertidos em relação à orientação do seu rosto

Embora sua cabeça esteja virada para trás quase 180º, Claudio Vieira, de 47 anos, garante que não vê “nada de cabeça para baixo”. Em tom de brincadeira, ele diz que é “o mundo que está de cabeça para baixo”.

O baiano nasceu com artrogripose múltipla congênita, uma condição que restringe a amplitude de movimento de múltiplas articulações. No caso de Claudio, as articulações das pernas, braços e pescoço ficam em posições fixas.

No momento do nascimento, os médicos não acreditavam que o bebê sobreviveria, mas Claudio conseguiu se adaptar e hoje é parcialmente independente em seu dia a dia.

“Em resumo, dependo de auxílio nas necessidades fisiológicas. Mas vou ser sincero, eu não dou trabalho. Por exemplo, na hora do banho não preciso que ninguém me conduza. Eu vou sozinho para o banheiro e alguém me ajuda a tirar a roupa e me dar banho”, relata.

Formado em Ciências Contábeis pela Faculdade de Tecnologia e Ciências de Feira de Santana, atualmente Claudio se define como digital influencer e palestrante. No TikTok, acumula mais de 100 mil seguidores e 1 milhão de curtidas.

 

Nos anos de 2015 e 2019, pesquisadores da Universidade de Dartmouth, nos Estados Unidos, testaram as habilidades do brasileiro em detecção facial e correspondência de identidade facial. Os resultados, que se concentram nos testes feitos em 2019, foram divulgados recentemente.

Apesar de o estudo indicar que o brasileiro tem resultados piores na detecção de faces verticais, ou seja, na posição comum, comparado com os controles utilizados pelos cientistas, Claudio tem resultados melhores vendo rostos invertidos em relação à sua cabeça, do que a capacidade dos próprios controles em detectarem faces viradas.

“Concluímos que a extraordinária habilidade que a maioria das pessoas tem com faces verticais resulta tanto da nossa experiência maciça com faces verticais como da seleção natural que dotou os nossos sistemas visuais de procedimentos especializados para faces verticais”, disse à CNN o autor principal do estudo, Brad Duchaine.

Em relação à discriminação de identidade facial, a pesquisa concluiu que as faces invertidas causam grande efeito para os controles e nenhum para o brasileiro.

Duchaine afirma que, caso Claudio esteja disponível, a equipe tem interesse em continuar a pesquisa para “examinar a percepção da face vertical versus invertida no Claudio para outros aspectos da percepção da face (expressão, idade, sexo, atratividade, etc.)”.

Sobre essa possibilidade, o baiano diz que, se o convite for feito, ele pensará sobre o assunto e marcará uma conversa “que acredito que vai ser muito amistosa”.

Por Renata Souzada CNN