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Estudo revela por que você não deve correr todos os dias
Correr não é apenas uma tendência fitness – é um modo de vida para muitos. Contudo, de acordo com uma pesquisa recente, este exercício universalmente acessível pode se transformar em um vício escapista que, se não controlado, pode levar a potenciais riscos à saúde. Mas por que a corrida se torna uma atividade tão consumidora para alguns e como ela desfoca a linha entre paixão e vício?
Correr: Explorando o Fenômeno Psicológico
A pesquisa liderada pelo Dr. Frode Stenseng da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia aprofunda-se no conceito de escapismo no contexto da corrida.
O escapismo é um desvio mental dos aspectos desagradáveis ou tediosos da vida diária. O estudo observa dois tipos: escapismo adaptativo, uma autoexpansão que busca experiências positivas, e escapismo maladaptativo ou autossupressão, que foca em evitar as negativas.
A pesquisa envolveu 227 corredores recreativos que preencheram questionários examinando suas preferências de escapismo, dependência do exercício e satisfação com a vida. Os resultados revelaram que o escapismo adaptativo impacta positivamente o bem-estar, enquanto o tipo maladaptativo pode levar a uma dependência não saudável do exercício – como um vício.
De acordo com o psicólogo do esporte Sebastian Blasco, todos nós possuímos um grau de escapismo funcional. A preocupação surge quando a atividade escapista se torna o significado central da vida, levando à “alienação”. O segredo está em diferenciar se a motivação por trás da corrida é para o prazer ou para preencher lacunas existenciais.
A Jornada do Corredor e os Riscos
Os benefícios físicos da corrida são inegáveis, mas as camadas psicológicas são igualmente instigantes. Como explica a especialista em medicina esportiva Magali Barbara Almada, um corredor passa por várias etapas psicológicas, começando pelo estágio inicial de relutância, passando para um ritmo automatizado onde a mente libera pensamentos suprimidos. Este estado pode criar um sentimento de desejo de melhorar o desempenho na corrida e definir metas mais ambiciosas.
No entanto, a corrida constante também pode levar a problemas físicos como periostite tibial, fascite plantar e fraturas. Exceder os limites pode resultar em exaustão, insônia e amenorreia (em mulheres). Portanto, é necessária uma equilíbrio entre abraçar a paixão pela corrida e respeitar as limitações biológicas.
Embora a corrida possa servir como uma ferramenta eficaz de alívio do estresse e um método de autoexpressão, é crucial evitar que ela se torne uma dependência. Afinal, a corrida deve agregar ao prazer da vida e não substituí-lo.
A melhor abordagem reside na moderação, ouvindo o próprio corpo, e tratando a corrida não como uma fuga, mas uma jornada de autodescoberta e crescimento. Lembre-se, somos humanos antes de sermos corredores.
Por por Lucas R. Misterios Do Mundo