Policial
Professora é presa em sala de aula por suposto crime ocorrido quando ela tinha 10 anos
Uma professora foi presa enquanto lecionava em uma escola no município de Rio Bonito, no Rio de Janeiro, acusada de ter participado de uma ação de extorsão, ocorrida em 2010, no interior da Paraíba. O curioso é que, ao expedirem o mandado de prisão, nem o Ministério Público nem a Justiça da Paraíba perceberam que, na época do delito, a docente tinha apenas 10 anos. A prisão foi no último dia 23 de novembro.
Ouvido pelo Extra, o pai da professora Samara de Araújo Oliveira, de 23 anos, ressaltou que a filha é professora de Matemática e estava em sala de aula no momento da prisão. “Fiquei sabendo pela mãe dela que os policiais a levaram durante a aula como se fosse uma criminosa. […] Minha filha é uma menina doce, estava se graduando em Matemática. Não foi nem à formatura dela, no sábado passado, porque estava presa”, revelou Simario Araújo.
Argumentando ainda que a docente nunca teria pisado na Paraíba, a família da jovem se mobilizou para alertar a Justiça paraibana sobre a suposta condenação injusta. Apesar dos esforços, os parentes só viram o cenário mudar na madrugada desta sexta-feira (1º), quando a docente foi solta pela Justiça do Rio.
A ação ocorreu após um advogado contratado pela família conseguir provar o equívoco ao juízo do estado nordestino.
“Verifico que merece prosperar a argumentação quanto à ocorrência de equívoco na exordial acusatória, na qual consta apenas a identificação por CPF, sem qualquer menção à data de nascimento da acusada”, reconheceu o juiz substituto Rosio Lima de Melo, da 6ª Vara Mista da cidade de Sousa, ao expedir o alvará de soltura.
EXTORSÃO
Ainda conforme informado pelo jornal, o crime que originou o equívoco ocorreu em setembro de 2010, contra o funcionário de um mercadinho, que funcionava como representante da Caixa Econômica Federal em São Francisco, no interior da Paraíba.
Na ocasião, o trabalhador teria recebido uma ligação afirmando que duas pessoas estavam prontas para invadir o estabelecimento e matá-lo, se ele não realizasse oito transferências bancárias de R$ 1 mil. Assustado, o homem efetuou as movimentações.
Mais tarde, a Polícia Civil e o Ministério Público da Paraíba conseguiram quebrar o sigilo bancário das contas que receberam a transferência, identificando que todas pertenciam à moradores do Rio de Janeiro. As autoridades conseguiram localizar duas acusadas, que acabaram sendo condenadas, mas não encontraram outros dois suspeitos – um deles, seria Samara.
Apesar de a Justiça ter suspendido o processo, paralisando a contagem de tempo de prescrição da infração, foi determinado que o Ministério Público paraibano tentasse localizar os acusados novamente. Foi então que, em 20 de janeiro, Samara de Araújo Oliveira teve a prisão decretada.
No entanto, vale ressaltar que, segundo levantamento do O Globo em cadastro nacional de dados de pessoas físicas, existem outras nove pessoas com o mesmo nome da professora.
Diário do Nordeste