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Por que não vemos filhotes de pombos pela cidade?

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Resposta para esse mistério foi explicada por um biólogo entrevistado pelo Terra; confira

Você já se perguntou por que não vemos filhotes de pombos pelas ruas das cidades? Embora pareça um mistério, a ciência tem as respostas para desvendar esse fenômeno.

Em entrevista ao Terra, o Allan Pscheidt, o professor e biólogo da FMU, explicou que uma das características dos pombos Columba livia, como são chamados cientificamente, é manter os filhotes em áreas isoladas.

“Os pombos filhotes costumam permanecer no ninho por aproximadamente 40 dias. Neste tempo todo, o filhote desenvolve suas penas e cresce, saindo do ninho com coloração semelhante a dos adultos, exceto pela ausência de manchas coloridas (aquele brilho arroxeado ou esverdeado), que desenvolve ao decorrer do tempo”, explica Pscheidt.

A espécie, que mantém um hábito reprodutivo bem discreto e quase imperceptível a humanos, também tem como característica construir ninhos em áreas montanhosas para proteger seus filhotes. Nas cidades, por exemplo, costumam buscar refúgios em viadutos, buracos em concreto, árvores em praças e telhados. Cada ninhada de pombo tem cerca de dois ovos, podendo chegar a seis por ano.

Apesar de ser considerado praga urbana, o professor explica que o pombo é uma fonte de alimento para outras aves e ajuda a dispersar sementes em parques e praças. Entre seu pru-pru (arrulhos característicos) e o hábito de parecer sempre com fome, seguindo e cercando quem transita com algo nas mãos, os pombos são avistados facilmente e convivem sem nenhum tipo de medo entre os barulhos e movimentos da multidão de pessoas nas metrópoles.

Pombos jovens passam a circular pela cidade logo após saírem do ninho e aprender a voar, cerca de 4 semanas após seu nascimento. Inicialmente, ficam próximos ao ninho por alguns dias até terem habilidade de voar e alcançar distâncias maiores. Se misturam entre os adultos e atingem a maturidade reprodutiva em 6 meses de vida, vivendo até mais ou menos os 8 anos.

De acordo com Pscheidt, somente cerca de metade dos filhotes chega à fase adulta, muitos são predados ou se envolvem em acidentes como colisão com janelas, mutilação das patas e dedos em fios elétricos e fome. Mas, apesar disso, não é recomendado alimentá-los com migalhas de pães e outros alimentos humanos.

Do que, e como os filhotes se alimentam?

Durante o período em que ficam nos ninhos são alimentados por uma mistura energética com cerca de 35% gorduras e 60% proteínas, além de vitaminas e minerais, que conseguem ao introduzir o bico dentro da garganta dos pais, ao contrário de outras aves que abrem o bico e esperam receber o material regurgitado do estômago dos seus pais. A fêmea e o macho progenitor produzem o “leite de papo” em células presentes no papo e com aspecto semelhante ao leite produzido em glândulas mamárias nos mamíferos, daí o nome, mas com uma diferença importante: poucos carboidratos.

Esse “leite de papo” apresenta importantes anticorpos que contribuem para o desenvolvimento do sistema imunológico dos filhotes e sua energia possibilita seu crescimento ainda no ninho, protegido de predadores como falcões, gaviões, corujas, gambás e o gato doméstico.

Na segunda semana de vida, os pais introduzem grãos e outras substâncias também como material regurgitado, além do leite de papo [Secreção do papo de aves regurgitada para seus filhotes. Pode ser encontrada nos pombos, sendo também chamada de leite de pombo].

Como é a reprodução da espécie? 

O ciclo reprodutivo do pombo é contínuo, com picos de atividade durante os meses mais quentes. O cortejo envolve uma dança circular do macho exibindo suas penas iridescentes, seguido pela aceitação da fêmea. Esta pode ter até seis ninhadas por ano, cada uma com dois ovos brancos. Ambos os pais cuidam do ninho e dos filhotes, que nascem após 20 dias e são alimentados com “leite de papo”. Eles permanecem no ninho por 25-40 dias, crescendo de filhotes frágeis a jovens pombos com plumagem cinza.

“Ao nascerem são pequenos, cegos, fracos com penugem amarelada, passando para plumagem cinza após 15 dias, e tendo penas que dão a aparência conhecida dos pombos com cerca de 30 dias”, explica Allan Pscheidt.

Quais os riscos do contato humano com pombos que circulam nas ruas?

Segundo Evaldo Stanislau, médico infectologista e professor da Anhembi Morumbi, é improvável que em um ambiente externo com circulação de ar e por uma proximidade aos animais, ocorram problemas de saúde. O risco aumenta se for um contato próximo, frequente ou contínuo, sobretudo em ambientes fechados.

Embora os riscos sejam pequenos, o contato direto por inalação das fezes do animal pode causar uma doença chamada criptococose, que é classificada como micose sistêmica, causada por fungos do gênero Cryptococcus. Esse tipo de fungo pode ser encontrado nas fezes de aves, principalmente dos pombos, e que se espalham pelo ar, por isso, é popularmente conhecida como “doença do pombo”.

Além da criptococose, o professor também alerta para duas micoses profundas que podem ser letais a humanos. “A histoplasmose e a criptococose, que oferecem mais risco para pacientes com a imunidade baixa, seja por doença, seja pelo envelhecimento”, explica Evaldo Stanislau.

Para não correr riscos de infecção, o professor sugere não manusear os pombos e suas fezes, higienizar os locais em que eles se concentram e defecam com água e sem levantar poeiras e, sobretudo, usar máscaras do tipo PFF2 ou N95 para realizar a limpeza da área.

Terra