Outras
PF realiza operação contra vazamento de provas do Enem nas redes sociais
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (24) a operação Limite Virtual, para investigar o vazamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os agentes cumprem dois mandados de busca e apreensão em Sobral, no Ceará. A ação foi autorizada pela Justiça Federal.
De acordo com a PF, a investigação foi iniciada após um comunicado do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). As apurações levaram até a identificação do suspeito que mora na cidade cearense que fica a 245 km de Fortaleza.
Foram apurados indícios de crimes de divulgação ilícita do conteúdo da prova do Enem em redes sociais, mais especificamente sobre o tema da redação referente ao caderno rosa no exame em 2023, ainda durante a realização da prova. Isso ocorreu no primeiro dia do teste, em 5 de novembro do ano passado.
A PF esclarece que as condutas do investigado podem configurar o cometimento, em tese, do crime de fraude em certame de interesse público, com penas que podem chegar a oito anos de prisão.
Quinze agentes federais atuaram na operação policial no interior do Ceará. Ainda segundo a instituição, o nome da operação busca alertar as pessoas sobre os limites que devem ser impostos nas redes sociais.
Vazamentos
Na página que foi divulgada nas redes sociais era possível ler os quatro textos motivacionais usados como base para a dissertação dos candidatos. A redação do Enem 2023 era sobre “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. As imagens surgiram após as 13h, quando os portões foram fechados, segundo a assessoria do Inep.
Investigadores identificaram que a foto que mostra a página do Enem 2023 com o tema e as instruções para a realização da redação deste ano começou a ser compartilhada nas redes sociais por volta de, pelo menos, 14h30, horário em que os alunos ainda estavam impedidos de deixar a sala com a prova — isso só é permitido às 18h30.
Na época, o ministro da Educação, Camilo Santa, descartou a hipótese de cancelar o Enem em função do vazamento de imagens do teste. Ele classificou o caso como “ocorrência pontual”. “Todas as ocorrências estão sendo investigadas pela Polícia Federal para que a gente possa dar respostas a essas ocorrências. (…) Portanto, nós concluímos nesse processo que foram ocorrências pontuais”.
Na última semana, o Inep divulgou que 60 candidatos tiraram nota mil na redação no ano passado. Segundo os dados, desse total, apenas quatro candidatos são oriundos da rede pública de ensino. Na edição anterior, em 2022, apenas 18 candidatos conseguiram alcançar a nota máxima.
Histórico
Em 2009, uma cópia da prova do Enem foi roubada da gráfica e vazou. Nos anos seguintes, houve problemas de impressão, troca de gabaritos, divulgação de notas erradas e é recorrente que alguns candidatos postem fotos.
Em 2012, por exemplo, 60 candidatos foram eliminados por publicarem fotos. Já em 2019, um aplicador de provas vazou a foto de uma página também da redação. Na época, segundo o então ministro, Abraham Weintraub, não houve dano nenhum por conta do vazamento.
Por O TEMPO