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Policial

Criança de 4 anos por pouco não se enforca em escola infantil de Rio Branco

A falta de cuidador para crianças especiais

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A falta de cuidador para crianças especiais na rede pública de ensino de Rio Branco é uma triste realidade que atormenta pais e mães de alunos. Ocorre que o problema é muito maior do que apenas deixar a vida da professora mais difícil em sala de aula por falta de ajuda. A falta do profissional, garantido por lei, coloca a vida de inocentes crianças em risco.

Nos últimos dias, por pouco uma grande tragédia não acontece em uma escola infantil da capital acreana por falta de cuidador. Uma criança, de apenas 4 anos, poderia ter morrido enforcada.

O fato ocorreu na escola infantil Cecília Meireles, localizada na região do bairro Nova Esperança, no último dia 19 de junho. A criança, diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ia se enforcando com um barbante que colocou em volta do pescoço. O caso foi levado à polícia civil e a lesão foi confirmada por meio de um exame de corpo delito. Carla Cíntia de Oliveira, mãe da criança, conta como aconteceu o lamentável episódio. “Meu filho estava na creche e o que me foi informado é que enquanto a professora arrumava um armário, meu filho colocou um barbante no pescoço e acabou se ferindo. Um coleguinha do meu filho foi quem avisou a professora que meu filho estava com o barbante no pescoço.”, conta Cintia.

A turma, onde a criança estuda, é um exemplo de como a falta de um cuidador/mediador se torna uma grande preocupação para pais e mães de crianças autistas. São 18 crianças na sala, sendo que três já possuem diagnósticos do TEA e outra está passando por investigação. “É difícil demais essa situação. Minha filha, assim como outras crianças, tem um laudo que pede um cuidador/mediador e mesmo assim nada foi feito até agora. A prefeitura mandou um avaliador que comprovou que as crianças precisam desse profissional, mas desde o início das aulas até hoje o profissional não apareceu”, afirma Jucelia Vitoriano, mãe de uma criança diagnosticada com TEA.

O temor das mães é que uma tragédia aconteça por falta do profissional. Vale lembrar que ao não fornecer o profissional de apoio às crianças, a prefeitura de Rio Branco descumpre a legislação, já que a Lei Federal 12.764/2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, assegura o acompanhamento especializado conforme as necessidades, visando facilitar seu acesso à educação.

Outros casos que comprovam que a falta de um profissional coloca à vida das crianças em risco relatando pelas mães teria acontecido nos últimos dias, onde um aluno teria saído da sala sem ninguém perceber e sua “fuga” só foi descoberta quando já estava na rua. As mães fazem questão de isentar a professora de qualquer culpa sobre os fatos. “A gente gostaria de deixar claro que a culpa não é da professora, mas da prefeitura que não faz sua obrigação. Nós, mães, temos pena da professora que trabalha sozinha e entendemos que a professora não consegue dar conta sozinha de toda essa demanda”, explica Jucelia.

A falta de profissionais foi denunciada pelas mães ao Ministério Público do Estado do Acre (MPAC).

O ac24horas procurou a prefeitura de Rio Branco para um posicionamento sobre a falta de cuidador nas creches que coloca a vida de crianças em risco. O secretário adjunto da educação municipal, Paulo Machado, admitiu a falta de cuidador, mas nega que a prefeitura esteja sendo negligente.

“A necessidade de cuidador é real, mas não é negligência da secretaria. Temos feito diversas publicações com chamamento de profissionais para essa demanda crescente para atender crianças especiais, mas essas convocações têm dado fracassadas. Faremos mais uma convocação e com o processo seletivo que acontece agora na primeira semana de julho acreditamos que vamos conseguir suprir essa necessidade em breve”, diz Machado.

Leônidas Badaró-ac24horas