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A Coca-Cola bebida preferida dos brasileiros ja teve cocaína?

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A intrigante relação entre a Coca-Cola e a cocaína, mergulhando na história e nos esforços da empresa para manter sua receita secreta.
Sabe, há um prédio em Maywood, Nova Jersey, que fica a um pulo de Manhattan, e ele guarda um segredo impressionante. Aposto que você nunca adivinharia que é, sem sombra de dúvida, a capital da cocaína dos EUA. Não, não é um cenário para a mais recente série de crime, mas um lugar onde a cocaína é produzida legalmente, sob permissões especiais do governo dos EUA. E a parte mais surpreendente? É tudo para a Coca-Cola. Vamos mergulhar nesta intrigante história.

A Coca-Cola, ou simplesmente “Coke” como muitos a chamam, não é apenas um refrigerante qualquer. Segundo Bart Elmore, a mente por trás de “Citizen Coke”, esta marca é a segunda palavra mais reconhecida do mundo, ficando atrás apenas do universal “okay”. E aqui vai um fato curioso: o nome não é apenas uma denominação cativante. “Coca” e “Cola” derivam de dois ingredientes essenciais da receita original. “Cola” vem da noz de cola, uma joia rica em cafeína da África, enquanto “coca” vem da folha de coca, a mesma folha responsável pela cocaína.

Ao longo da história, a folha de coca desempenhou um papel indispensável no tecido cultural da América do Sul. Mastigada ou cozida, esta folha tem tradicionalmente sido o remédio preferido para o mal da altitude, supressão da fome e outras doenças. Com a chegada dos anos 1800, a Europa começou um romance apaixonado com a cocaína, o potente estimulante derivado da folha de coca. Por toda parte, desde armários de medicamentos até na literatura (sim, Sherlock Holmes se entregava), a cocaína estava em alta.

VIN MARIANI
Imagine só: o século XIX tinha uma bebida chamada Vin Mariani. Esta encantadora mistura de vinho tinto e cocaína era tão popular que tanto o Papa Leão XIII quanto o Presidente Ulysses S. Grant a elogiavam. Inspirado por seu sucesso, John Pemberton, um ex-soldado da Guerra Civil e viciado em morfina, viu uma oportunidade. Inspirando-se no Vin Mariani, ele criou o Pemberton’s French Wine Coca, uma poção mais robusta graças à adição da noz de cola. Com vinho, cocaína e cafeína na mistura, não é de se admirar que prometesse “saúde e alegria em cada garrafa”.

Mas toda história tem suas reviravoltas. Os anos 1880 viram Atlanta, o berço da Coca-Cola, ficar sóbria, o que significava que o vinho tinha que ir embora. Mas Pemberton não se deixou abater. Mantendo a icônica dupla de coca e cola, ele criou uma obra-prima xaroposa que, quando misturada com água carbonatada, tornou-se a Coca-Cola que todos reconhecemos.

O sucesso da Coca-Cola apresentou um novo desafio: garantir um fornecimento consistente de folhas de coca. A empresa não podia reivindicar nenhuma fazenda peruana, a principal fonte dessas folhas. Competidores poderiam facilmente superar sua oferta, colocando seu suprimento em risco. Que dilema de negócios!

A REVIRAVOLTA NO SÉCULO XX E A DECISÃO DE CANDLER
Porém, a trama se intensificou no século XX. O uso generalizado da cocaína começou a enfrentar resistência, com seus detratores associando-a à delinquência e insanidade. O Sul era particularmente apreensivo, movido por temores racialmente carregados de que a droga estava empurrando os usuários negros para o crime. A resposta? Proibi-la. Seguindo essa corrente, Asa Candler, então presidente da Coke e um cristão fervoroso do Sul, fez uma mudança significativa. Ele estava determinado a reter a essência da folha de coca, menos a cocaína. Assim, as folhas de coca “decocainizadas” entraram em cena, combinadas com a noz de cola para produzir o enigmaticamente nomeado “Mercadoria #5”.

A RELAÇÃO INTRINCADA DA COCA-COLA COM A FOLHA DE COCA
Embora a cocaína tivesse sido expulsa de sua bebida, a Coca-Cola ainda enfrentava a tarefa árdua de fornecer folhas de coca, especialmente depois de 1914, quando o governo dos EUA limitou a cocaína a fins medicinais. Enquanto a nação deliberava sobre uma proibição completa, os lobistas da Coca-Cola trabalharam incansavelmente, garantindo uma exceção notável no Harrison Act de 1922. Este Ato efetivamente interrompeu as importações de folha de coca, exceto aquelas desprovidas de cocaína. Apenas duas empresas receberam luz verde para esta tarefa. Uma delas? Maywood Chemical Works, em Nova Jersey, fornecendo principalmente para ninguém menos que a Coca-Cola.

Este privilégio exclusivo persistiu em múltiplas legislações antinarcóticos, até mesmo em escala internacional. Para salvaguardar seu suprimento, a Coca-Cola até desenvolveu uma fazenda secreta de coca nas distantes praias do Havaí.

Avançando para 2003, e a Maywood Chemical Works, agora de propriedade da Stepan Company, importou impressionantes 385.000 libras de folha de coca para a Coca-Cola. Este volume poderia produzir um espantoso valor de $200 milhões em cocaína, que, por lei, tinha que ser incinerada.

Mas aqui está algo que faz a gente coçar a cabeça. Apesar dos esforços hercúleos da Coca-Cola para garantir folhas de coca, essas folhas contribuem apenas com um sussurro de sabor para o produto final. Nas palavras do ex-comissário do Federal Bureau of Narcotics, Harry Anslinger, é mais provável que a Coca-Cola continue usando-a apenas para justificar seu nome icônico, uma marca na qual investiram milhões em publicidade.

Portanto, para resumir, a Coca-Cola já teve sim cocaína em sua fórmula, mas já faz mais de 100 anos que esse não é mais o caso.

Por Lucas R. Misterios do Mundo