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Policial

Prisão de filho de El Chapo, Ovidio Guzmán-López, provoca caos em estado mexicano

Ovidio Guzmán, filho de El Chapo e um dos líderes do Cartel de Sinaloa

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A polícia mexicana prendeu, na última quinta-feira, Ovidio Guzmán-López, filho do narcotraficante Joaquín “El Chapo” Guzmán e um dos líderes do Cartel de Sinaloa, no Oeste do país. A prisão foi realizada em uma operação em Jesús María, na capital do estado, Culiacán, nas primeiras horas da manhã. A notícia desencadeou um caos no estado, que amanheceu com incêndios, tiroteios e estradas bloqueadas por narcotraficantes, sobretudo nos principais acessos à cidade.

O narcotraficante já havia sido preso em 2019, mas foi solto horas depois para conter a escalada da violência como a vista nesta quinta-feira. Autoridades pediram à população que não saiam às ruas, e aulas e serviços foram suspensos em vários municípios.

O governo mexicano levou três anos para capturar novamente Ovidio Guzmán-López, um dos herdeiros do império do tráfico de droga deixado por El Chapo, preso nos Estados Unidos. A prisão de Guzmán, conhecido como El Ratón, 32 anos, ocorre três dias antes da chegada ao México do presidente dos EUA, Joe Biden, e do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

A operação evidencia a crise de violência no México na semana em que a equipe de Biden foi vista preparando os detalhes do esquema de segurança para a sua visita. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, explicava a agenda dos líderes no país na sua entrevista coletiva diária quando foi questionado pela imprensa sobre a situação em Sinaloa. De acordo com fontes oficiais ouvidas pelo El País, autoridades americanas e mexicanas trocaram informações de inteligência antes da operação que culminou na prisão de Guzmán.

Fotos e vídeos que circulam nas redes sociais desde a manhã desta quinta-feira mostram carros e caminhões bloqueando as ruas de Culiacán e tiroteios. A insegurança tomou a população de Sinaloa nas primeiras horas do dia, e imagens de ruas desertas foram vistas logo cedo, apenas com narcotraficantes circulando. Veículos queimados e em chamas, estradas cortadas por homens armados e tiros caindo do céu também aparecem nos registros feitos no estado. Em um vídeo, um avião das forças de segurança mexicanas é abatido ao aterrisar no aeroporto da capital.

O caos desta quinta-feira lembra o chamado “Culiacanazo”, como ficaram conhecidas as 24 horas de terror vividas na região após a primeira detenção de Guzmán. Ovidio é um dos filhos de El Chapo que, juntamente com os seus irmãos Iván Archivaldo e Jesús Alfredo, compõem a facção do Cartel de Sinaloa conhecida como Los Chapitos.

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A confusão que começou nas primeiras horas da madrugada durou várias horas. A capital do estado foi tomada pelo crime organizado, mas não houve explicações oficiais sobre a razão. Os rumores apontavam desde o início para Ovidio Guzmán, que o Cartel de Sinaloa salvou da primeira prisão com uma reação muito semelhante à desta quinta-feira.

Em 2019, o presidente López Obrador ordenou a libertação do narcotraficante para evitar a escalada da violência. Desta vez, a operação foi conduzida exclusivamente pela Secretaria de Segurança Nacional, que ficou encarregada da prisão e subsequente transferência de Guzmán para a Cidade do México. O órgão também ficou responsável por controlar a reação dos narcotraficantes em todo o estado, de acordo com informações de fontes oficiais.

O governador de Sinaloa, Rubén Rocha Moya, pediu calma ao povo e informou que foi notificado pelo secretário federal do Interior, Adán Augusto López, de que as Forças Armadas estavam a caminho para uma operação em Jesus María, onde o filho de El Chapo foi preso.

“Isto [a prisão] levou a alguns acontecimentos violentos na capital e noutras partes do Estado. Serão as próprias autoridades federais que informarão sobre os resultados da operação quando ela terminar”, disse o governador em sua conta do Twitter.

Durante a sua coletiva diária, o presidente mexicano disse que não conhecia os pormenores da operação e que seria a secretária de Segurança Federal, Rosa Icela Rodríguez, quem informaria sobre o status da situação.

O secretário de Segurança do estado de Sinaloa, Cristóbal Castañeda, foi uma das primeiras vozes oficiais a informar sobre os bloqueios e pedir às pessoas que ficassem nas suas casas. “Estamos pedindo aos cidadãos que não saiam, estamos agindo em conformidade e informaremos quando tivermos em condições para isso”, escreveu em sua conta no Twitter.

Por Georgina Zerega, El País — Culiacán, México