Política
Governo vai mandar Força Nacional de Segurança para território Yanomami
Uma criança indígena Yanomami
Uma criança indígena Yanomami desnutrido recebe cuidados médicos no Hospital Infantil Santo A
O governo federal publicou no Diário Oficial desta terça-feira (31) uma série de medidas para combater a crise humanitária que atinge o povo Yanomami, em Roraima. As ações também visam neutralizar o garimpo ilegal da região. A atividade é apontada como uma das principais causadoras da tragédia.
O texto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atribuiu à Força Nacional de Segurança a missão de atuar na segurança das equipes de saúde e assistência que vão trabalhar no território Yanomami.
O decreto também amplia as ações da Aeronáutica no espaço aéreo para combater o tráfego de aviões suspeitos de atividades ilícitas. Será criada a Zona de Identificação de Defesa Aérea (Zida), que ficará sobrejacente e adjacente ao território Yanomami enquanto durar o Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.
Ainda segundo o decreto, o Ministério da Defesa vai atuar no “fornecimento de dados de inteligência e no transporte aéreo logístico das equipes da Polícia Federal, do lbama e dos demais órgãos e entidades da administração pública federal”, que atuarão no combate da mineração ilegal na região.
O decreto também autoriza alguns ministérios a requisitarem servidores, bens e serviços para o tratamento e proteção dos Yanomamis, incluindo do fornecimento de água potável, alimentos e vestuários à perfuração de poços artesianos e aberturas de postos de apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e de Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Estão autorizados a fazer essas requisições os ministros de Estado da Defesa, José Múcio Monteiro; da Saúde, Nísia Trindade; do Desenvolvimento Social e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias; e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
No último dia 20, o Ministério da Saúde declarou emergência em saúde pública de importância nacional para a situação vivida pelo povo Yanomami. A medida foi tomada porque o território, com mais de 30 mil indígenas, tem sofrido com casos de insegurança alimentar, desnutrição infantil, malária e falta de acesso da população à saúde.
Muitos desses problemas foram agravados pela presença de garimpeiros ilegais. A atividade de mineração, proibida no local, contamina os rios e afugenta os animais que servem de caça e alimentos para os povos originários. Conflitos armados entre os garimpeiros e os Yanomami também têm vitimado parte dos indígenas.
Em 23 de janeiro, profissionais da saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) foram à região para ajudar no tratamento dos indígenas e no diagnóstico da situação. No dia 24, um hospital de campanha foi instalado na comunidade Surucucu para intensificar o atendimento emergencial aos locais. (Com Estadão Conteúdo)
Por Renato Alves- O tempo