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Mulher morre vítima da “Doença do Pombo” no Acre
Ela contraiu a doença nas proximidades do Mercado do Bosque, região repleta de pombos
Uma mulher identificada como Sandra Silveira Bezerra de 49 anos, morreu na última quarta-feira (14) vítima da ”Doença do Pombo”. Ela contraiu a enfermidade no local onde trabalhava, localizado na Coronel Alexandrino, nas imediações do Mercado do Bosque. A vítima chegou a receber atendimento médico, foi da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para a Fundação Hospitalar, mas não resistiu e faleceu.
Além dela, o empresário Ney Matos, proprietário do comércio onde ela trabalhava, também foi diagnosticado há cerca de dois anos com a “Doença do Pombo”, que causa a Fibrose Pulmonar Cística. O empresário viajou para São Paulo e lá recebeu o diagnóstico da doença. Segundo ele, foi comprovado por uma equipe de médicos que realmente a doença que ele tinha era originada de uma bactéria oriunda das fezes dos pombos.
“Foi confirmado lá em São Paulo, um pneumologista muito famoso lá o doutor Alexandre, ele fez uma biópsia do pulmão, ele fez um estudo. Um grupo de médicos fez um estudo e foi comprovado que foi da bactéria do pombo sim. Até por sinal onde eu moro tem muitos, né, muitos pombos na Coronel Alexandrino;” comentou Matos.
O empresário enfatiza o carinho que sentia pela colaboradora Silveira, que trabalhou com ele por muitos anos e alerta sobre a gravidade da doença. Segundo ele, a vítima já estava a dias com alguns sintomas suspeitos, como a respiração ruim, problemas na visão e nem ao menos teve tempo de realizar o devido tratamento, pois a enfermidade já havia comprometido ela.
“Foi o que passaram para nós, ela vinha sentindo alguns sintomas, alguns problemas na visão, na respiração e de repente a filha dela ligou dizendo que ela… Foi constatado que ela estava com Fibrose Pulmonar do pombo, Fibrose Cística, e tipo, aí não deu tempo ela começar a fazer o tratamento porque ela foi transferida da UTI do Pronto Socorro (PS) para a Fundação Hospitalar. Quando ela foi iniciar o tratamento, aí já entrou em óbito, não deu mais tempo”, enfatizou o empresário.
Segundo o cabeleireiro Genival Lustosa, que trabalha na mesma região nas proximidades do Mercado do Bosque, as pessoas estão apavoradas, porque a região é repleta de pombos, então cada dia está mais perigoso trabalhar por ali. Principalmente porque vários cidadãos alimentam os pombos e isso corrobora para que eles permaneçam na região. Ele pede alguma ação governamental para resolver a situação.
“Nós estamos pedindo providências, dos órgãos competentes, Prefeitura, governo ou Vigilância Sanitária, porque os pombos que estão aqui nessa rua, estão sendo alimentados por algumas pessoas, principalmente pessoas daqui mesmo. Pessoas já adoeceram por conta desses pombos, porque realmente eles transmitem doenças e ontem faleceu uma das pessoas que trabalham aqui. Uma pessoa pegou meningite e morreu de meningite, com certeza é proveniente desses pombos, porque tem muito pombo aqui;” completou o cabeleireiro.
Além de Lustosa, outro indignado com a situação é o amigo da vítima, o Pastor James, que enfatizou a necessidade de ações de algum órgão competente, pois é uma doença que pode ser evitada, mas a Prefeitura, a Vigilância Sanitária ignoram a situação e não fazem nada a respeito.
”A gente entende que é uma praga urbana e que é necessário uma intervenção do governo, algum tipo de ação para poder evitar problemas como o que a gente está vendo aqui né. Tenho essa amiga que parte precocemente por conta da consequência de uma doença que pode ser evitada, né? Então a gente espera que haja algum tipo de ação nesse sentido para evitar que aconteça novamente este tipo de situação, pessoas enfermas por uma enfermidade que pode ser evitada,” Comentou James.
A famosa “Doença dos Pombos” na verdade se chama Criptococose, causada pelo fungo Cryptococcus, que pode ser encontrado nas fezes dessas aves. É um fungo que pode ser letal aos seres humanos se não receber os devidos cuidados. E a sua infecção é simples, basta ter contato com os pombos. Além disso, mesmo mantendo certa distância, como explica a doutora infectologista Cirley Lobato, é possível contrair, tendo em vista que o fungo solta micros esporos.
“Ele vai primeiramente pro pulmão causando uma alteração pulmonar e posteriormente até dependendo muito do sistema imunológico dessa pessoa, se é imunodeprimido ou não, mas independente disso, ele também atinge pessoas imunocompetente que esse fungo atinge a circulação sanguínea e pode ir pro cérebro causando quadro de meningite,” Enfatizou a médica.
Além disso, depois de muito tempo, as fezes dos pombos ficam secas e as partículas podem ser levadas até as pessoas por meio do ar. Nesse sentido, é preciso ficar a uma distância razoável para manter a segurança. Lobato, explica que a melhor maneira de evitar são com cuidados e hábitos de higiene como a limpeza da área com cloro, e o uso de luvas e máscaras.
“Tem que evitar o contato com eles e principalmente com as fezes deles. Onde tiver o acúmulo dessas fezes tem que haver limpeza com água, com cloro e sempre no momento que você fizer a limpeza você tem que está de máscara, com luvas, porque no momento que você mexe ali, aqueles esporos sobem e você acaba inalando, vai pro pulmão e a partir do pulmão ele se dissemina atingindo principalmente o cérebro,” Concluiu ela.
agazeta.net