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Porque os adultos acordam mais cedo á medida que envelhecem?
Todos nós já ouvimos o estereótipo: adolescentes dormindo até tarde, enquanto seus avós já estão de pé ao raiar do dia. Pode parecer apenas um clichê, mas essa observação tem uma base científica. À medida que as pessoas envelhecem, elas naturalmente tendem a acordar mais cedo. Mas por que isso acontece? Vamos explorar a ciência por trás desse fenômeno.
Primeiramente, é essencial entender os padrões de sono recomendados. Especialistas sugerem que as pessoas durmam sete ou mais horas todas as noites e mantenham um horário de dormir consistente. No entanto, à medida que avançamos para a meia-idade, a duração do nosso sono tende a diminuir. Em média, a cada década após nossa juventude, dormimos 30 minutos a menos. Além disso, a tendência de ir para a cama mais cedo e acordar com o sol da manhã se torna mais acentuada.
Então, qual é a ciência por trás dessa mudança?
O CÉREBRO É A CHAVE
O cérebro, centro de todas as funções do nosso corpo, desempenha um papel crucial nessa mudança. À medida que envelhecemos, a capacidade de resposta do nosso cérebro diminui. O Dr. Sairam Parthasarathy, uma figura renomada da Universidade de Ciências da Saúde do Arizona, EUA, explicou ao Huffington Post que a fiação do cérebro não capta e responde aos estímulos com a mesma eficiência devido ao processo natural de envelhecimento.
Esses estímulos são marcadores cruciais que nos ajudam a entender onde estamos em um dia. Fatores como luz do dia, interações sociais, horários das refeições e atividade física desempenham um papel significativo. Imagine estar confinado em um quarto sem luz ou comida. Seria quase impossível discernir a hora ou o dia. Enquanto o cérebro dos adolescentes capta esses estímulos com habilidade, os adultos mais velhos enfrentam uma desconexão devido à degeneração cerebral natural. Essa desconexão é uma razão primária pela qual os idosos sentem a necessidade de se aposentar para a cama mais cedo e, consequentemente, acordar mais cedo.
OS OLHOS TAMBÉM TÊM VOZ
Embora o cérebro seja um jogador significativo, não podemos ignorar o papel dos nossos olhos. A visão, um dos nossos principais sentidos, sofre mudanças notáveis à medida que envelhecemos. A professora Cindy Lustig, da Universidade de Michigan, destaca um ponto intrigante. As alterações na visão que acompanham a idade diminuem a intensidade da estimulação luminosa que nosso cérebro recebe. Essa luz desempenha um papel fundamental na configuração do nosso relógio circadiano interno.
As cataratas, uma condição que afeta predominantemente a geração mais velha, complicam ainda mais esse cenário. À medida que as cataratas se desenvolvem, a lente do olho fica embaçada, levando à percepção reduzida da luz. Parthasarathy aponta uma consequência interessante disso. Se as cataratas estão presentes, o cérebro percebe o pôr do sol mais cedo do que realmente é.
Essa percepção errônea tem um efeito dominó em nosso hormônio do sono, a melatonina. Normalmente, os níveis de melatonina aumentam após o pôr do sol, preparando nosso corpo para dormir. No entanto, se as cataratas enganam o cérebro fazendo-o acreditar que o sol se pôs prematuramente, os níveis de melatonina aumentam mais cedo. Esse aumento precoce do hormônio do sono faz com que os indivíduos queiram dormir mais cedo.
Conclusão
A tendência de acordar mais cedo à medida que envelhecemos não é apenas folclore; ela tem base na ciência. A intrincada relação entre a diminuição da resposta do nosso cérebro e a mudança na percepção de luz dos nossos olhos desempenha um papel significativo nessa mudança. Portanto, da próxima vez que você se sentir sonolento mais cedo à noite ou acordar com a primeira luz, lembre-se de que é uma parte natural do envelhecimento. Mesmo que você fosse uma coruja da noite em sua juventude, a natureza tem sua maneira de ajustar nossos ritmos à medida que avançamos na vida.
Por Lucas R. Misterios do Mundo