Esporte
Torneio de futebol no centro socioeducativo materializa o direito ao esporte para adolescentes em conflito com a lei
Os socioeducandos ainda estão em fase de formação, portanto o desenvolvimento de capacidades e sociabilidade potencializa sua ressocialização
É a primeira vez que é promovido um amistoso entre as unidades socioeducativas do Acre. A disputa se iniciou nesta quinta-feira, 14, envolvendo 24 socioeducandos. O clima do campeonato mudou a atmosfera do local tanto para os servidores, quanto para cada um dos adolescentes e jovens, que hoje eram unicamente atletas em busca de um troféu.
O desembargador Francisco Djalma, supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF) confirmou o apoio do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) se fazendo presente na agenda. Ele assinalou que as práticas esportivas repercutem no processo de desenvolvimento humano e no pleno exercício da cidadania.
A juíza Andrea Brito sensibilizou os representantes governamentais para construírem uma agenda conjunta, abarcando o desafio de promover o esporte em todos os locais de privação de liberdade. Nesse sentido, explicou que no Plano Individual de Atendimento (PIA), as práticas esportivas podem ser incluídas como um método de formação, com capacitações e resultados, ampliando assim a garantia de direitos, conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Propor o esporte para adolescentes em conflito com a lei segue os pressupostos legais como Constituição Federal, Lei n° 8.069/1990 e Lei 12.594/2012, que preveem ações articuladas para promover e garantir a participação referente à prática esportiva em qualquer ambiente da sociedade, ou seja, inclusive para as e os adolescentes em conflito com a lei, oficializando a expressa obrigatoriedade das atividades pedagógicas durante o período de privação de liberdade.
Alysson Bestene, secretário de Governo, usou o exemplo do Carlão, como é conhecido o atleta do voleibol que hoje atua na gestão estadual para mostrar como o esporte é um caminho para romper barreiras. Na oportunidade, também reforçou o apoio do governo e enquanto profissional da saúde, já que o secretário também é odontologista, enfatizando assim que as atividades físicas são essenciais para a saúde.
Por sua vez, o secretário adjunto de Esportes, Antônio Carlos Gouveia – Carlão – contou que sempre quis viver do esporte: “eu não comecei no vôlei, eu comecei no futebol, assim como vocês estão começando hoje. Então, me tornei goleiro do Rio Branco e aos poucos fui abrindo caminhos para minha vida, o que me levou a muitos lugares, inclusive a ser um medalhista olímpico”.
A abertura do campeonato também foi o momento para a entrega de bolas, redes, coletes, shorts e raquetes. O presidente do ISE, coronel Mário César, agradeceu aos materiais recebidos e afirmou que a rotina deve ser fortalecida com melhores condições de trabalho. “Eu acredito na ressocialização. Esse é um momento de integração e lazer. Todos vocês que estão passando por um período conosco, saibam que esse é um período de oportunidades, para buscar melhora e transformar suas vidas”, disse.
Também estavam presentes o diretor da unidade Aquiri, Nelson Cacau; diretor da unidade Santa Juliana, Fábio Braga; o coordenador do programa “Acre pela Vida”, Marcelo Menezes; o empresário Francisco Pereira.
A expectativa do jogo se multiplicou com o ânimo de ver as novidades. Os jovens e também a equipe do ISE celebraram a iniciativa. “Agora sim, as coisas vão fluir”, disse entusiasmado o professor Miguel Lima. Deste modo, já se sabia o placar final: todos saíram ganhando.
Por Miriane Teles | Comunicação TJAC