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Qual país da América do Sul Não reconhece o Natal?

Essa mudança é profundamente enraizada na jornada histórica da naç

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O Uruguai se destaca no contexto dos países latino-americanos por sua abordagem distinta às celebrações de dezembro. Ao contrário de outras nações onde o Natal é um grande evento, repleto de decorações e reuniões familiares, o Uruguai traça um caminho diferente.

Essa mudança é profundamente enraizada na jornada histórica da nação, particularmente em sua relação com a separação entre Igreja e Estado. Em 1919, o Uruguai fez uma mudança significativa ao substituir as tradicionais celebrações de Natal com o ‘Dia da Família’. Essa mudança não é apenas uma alteração nominal, mas reflete uma profunda mudança nas normas culturais e sociais.

Historicamente, a separação entre a Igreja e o Estado no Uruguai remonta aos anos 1860. Esse processo foi iniciado com o decreto ‘Secularização de cemitérios’, que foi um passo significativo para reduzir a influência da igreja nos assuntos públicos. O decreto exigia que os corpos fossem levados diretamente ao cemitério, contornando a igreja, uma medida que gerou grande polêmica na época.

Após isso, uma série de medidas distanciou ainda mais a Igreja da vida pública, incluindo restrições à fundação de novos conventos, penalização de sacerdotes que criticavam as autoridades e limitação do envolvimento da igreja em cemitérios. Essas medidas culminaram com a instituição do casamento civil obrigatório antes do casamento religioso e a introdução de um projeto de lei de divórcio em 1905.

REIMAGINANDO CELEBRAÇÕES TRADICIONAIS

Como resultado desses desenvolvimentos históricos, os uruguaios redefiniram várias datas festivas tradicionais. Embora esses dias ainda sejam observados como feriados públicos, seus nomes e, em certa medida, sua importância foram alterados.

Essa reimaginação de feriados inclui a transformação do Natal em ‘Dia da Família’, a substituição do Dia de Reis pelo Dia das Crianças, a renomeação da Semana Santa como Semana do Turismo e a substituição do Dia da Virgem pelo Dia das Praias. Cada uma dessas mudanças é refletiva do compromisso do Uruguai com o secularismo e seus esforços para diminuir a influência da Igreja na vida pública.

Roger Geymonat, um historiador especializado no estudo da religiosidade no Uruguai, enfatiza que essas mudanças não visavam promover o secularismo per se. No entanto, a contínua ‘tempestade clerical’ desde 1885 tornou a separação entre a Igreja e o Estado um resultado inevitável. Este contexto histórico é crucial para entender por que o Uruguai, ao contrário de seus homólogos latino-americanos, adotou uma posição única em relação às celebrações de dezembro, particularmente no Natal.

Fonte: CNN

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