Policial
Acusado de jogar água fervendo nas partes íntimas da esposa é preso
Jessé Nogueira teve a prisão preventiva decretada e foi preso neste domingo (24),
Jessé Nogueira teve a prisão preventiva decretada e foi preso neste domingo (24) no município de Sena Madureira. Agerlândia Miranda, de 25 anos, segue internada no Pronto-Socorro de Rio Branco.
Por Janine Brasil, G1 AC — Rio Branco
O ex-marido da cuidadora de idosos Algerlândia Miranda, de 25 anos, Jesse Saldanha Nogueira, foi preso na tarde deste domingo (24) no município de Sena Madureira, interior do Acre. Ele é acusado de jogar água fervendo em cima da mulher, que teve queimaduras de terceiro grau nas pernas e partes íntimas. A agressão teria sido motivada por ciúmes.
O caso ocorreu no último dia 12 desse mês e a mulher teve que ser transferida para a capital acreana, Rio Branco, por conta da gravidade dos ferimentos. Ela segue internada no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb).
O delegado do município, Marcos Frank, disse que a Justiça decidiu pela prisão preventiva de Nogueira nesse sábado (23). Na decisão, o juiz da Vara Criminal da cidade disse que o homem praticou o crime de lesão corporal grave no ambiente familiar. Nogueira foi encaminhado para o Presídio Evaristo de Moraes, no município, ainda neste domingo (24).
“Nós procuramos por ele no sábado, mas só conseguimos efetuar a prisão hoje [domingo, 24]. Ele não resistiu à prisão”, disse Frank.
O caso inicialmente tinha sido tratado como lesão corporal e Nogueira tinha se apresentado na delegacia com um advogado e em seguida liberado.
O delegado explicou que no primeiro momento foi feito um exame de corpo de delito que não atestou a lesão grave, mas que foi pedido um novo exame que comprovou a acusação da vítima.
“O exame atestou que foram queimaduras, que queimou as pernas e a vagina. Mas, ela [vítima] foi encaminhada para Rio Branco e eu fiz uma nova requisição ao IML e o médico do IML foi ao hospital onde ela está internada e fez um novo exame que, dessa vez, atestou a lesão corporal grave”, afirmou.
Acompanhamento psicológico
O Centro de Atendimento à Vítima (CAV), do Ministério Público, informou que está acompanhando o caso e prestando atendimento psicológico tanto a Agerlândia, como às crianças. Inclusive, uma equipe foi para Sena Madureira. A agressão foi presenciada pelas três filhas da vítima, de 10, 9 e 2 anos, que estão com o avô materno.
As duas mais velhas são de outro relacionamento da cuidadora. Ao G1, Agerlândia disse que se recupera bem e que acredita que em breve deve sair do hospital e voltar para casa. Mas, a possibilidade de sair do hospital vem acompanhada pelo medo.
“Me preocupo muito de como vai ser quando eu sair do hospital sem poder trabalhar para poder sustentar minhas filhas e também de como vou fazer para pagar o aluguel. Mas, quero logo me recuperar e creio que vai dar tudo certo”, falou a vítima ao G1 em matéria publicada no dia 19 desse mês.
‘Escolheu onde ia queimar’
Segundo a vítima, toda a briga aconteceu na frente das crianças, que pediam ajuda sem sucesso. Ao chegar na casa, Agerlândia disse que viu a leiteira no fogo, mas não imaginava que seria para machucá-la.
“Fiquei sem saber qual das minhas filhas eu ia acudir. Até que vi ele se aproximando com a leiteira fumaçando, me afastei e coloquei a minha mão para tentar me defender, mas ele escolheu o local para jogar a água fervendo. Ele jogou, tentei me defender de novo e ele jogou mais água”, relembrou emocionada.
As filhas da cuidadora entraram em desespero e Nogueira conseguiu fugir, enquanto ela e as duas crianças seguiam para o banheiro e jogavam água fria para tentar amenizar as queimaduras, que atingiram, principalmente, as partes íntimas da mulher.
“Eu não aguentava mais de dor. Fui tomar banho e o pior de tudo é saber que isso foi na frente das minhas filhas, que ficavam dizendo que eu ia morrer”, lamentou Agerlândia.
‘Foi covarde’
As filhas da vítima conseguiram ligar para o avô, Aldemir Miranda, de 45 anos, que estava em uma oficina próxima de onde tudo aconteceu. Ele chegou em seguida e conseguiu acionar a ambulância para ajudar Agerlândia.
Revoltado, ele diz que espera que Nogueira pague pelo que fez com a filha dele. “Uma pessoa ver a filha queimada, na situação que eu vi, se tremendo toda, o couro caindo. Não é todo pai que aguenta ver o que vi. O que ele fez foi uma covardia. Aquilo não é coisa que se faça com uma mulher”, desabafou Miranda.