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Ações de ternura e cuidado formam círculo de amparo às pacientes com câncer de mama no Acre

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“Eu deitei à noite e senti um caroço”. Foi na hora do descanso, uma ação de rotina, há pouco mais de três anos, que Maria Rita Cândido da Silva, de 61 anos, identificou que havia algo diferente nos seios. Ela teve receio, mas procurou ajuda: “Eu vou mesmo”. Hoje, após longo período de investigação, está há três meses em tratamento no Hospital do Câncer do Acre (HCAC), em Rio Branco.

Mãe de quatro filhos, Maria Rita é natural de Plácido de Castro, mas vive em Acrelândia. Todos os meses, ela vem para a capital e fica na casa de amigos para fazer o tratamento no hospital, que é uma Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon). “Eu tinha medo, mas não custa nada tentar. As enfermeiras, os médicos e as moças do lanche me atendem bem”, relata.


Com algumas semelhanças, o “primeiro impacto, dilema e adversidade” são capítulos na vida de toda mulher que recebe o diagnóstico de câncer de mama. Foram momentos assim, entre muitos outros, que a professora, mestra e gestora pública aposentada Edir Figueira Marques revelou ter passado no livro “Que será? Será! Da dúvida à esperança na cura do câncer”.

Na obra, Edir descreve como uma vermelhidão, inchaço e ardor no seio a alertou para identificar o câncer de mama aos 78 anos, em 2019. Na publicação, detalha como foi o diálogo com a família, o tratamento, os efeitos colaterais em meio à pandemia da covid-19 e, especialmente, o momento em que venceu a doença, em 2021.


“Toda a vida tive mais facilidade de escrever do que de falar, principalmente quando se trata de emoção, e eu precisava desabafar. Eu não queria preocupar as pessoas e comecei a colocar no papel. Escrever, para mim, funciona como uma catarse”, explica a autora.

Hoje, próxima aos 82 anos, Edir doa o valor arrecadado com a venda dos livros para o Hospital de Amor e, de forma especial, leva o seu relato para encorajar outras mulheres a falar sobre a doença, e, sobretudo, aceitar e receber o carinho e cuidado de familiares e amigos. “Foi um drama muito grande nesse período, mas com muito amor da família, apoio, fé e resiliência, a gente conseguiu superar”, conta Edir.


Entre as muitas etapas e preocupações nos hospitais, o amor da família e a escrita revelaram-se remédios que ajudaram Edir a recuperar a beleza de viver, um sentimento, agora, de corpo e alma. “Meus filhos se saíram muito bem, foram maravilhosos. Quando me lembro desse momento, é a coisa mais linda. É a memória mais indelével que eu tenho. O carinho dos meus filhos”, diz.

Ternura e cuidado
No âmbito estadual, é a união entre o carinho e o cuidado que formam o círculo de amparo às pacientes com câncer de mama na Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, o Hospital do Câncer do Acre. A unidade atua em parcerias com o Hospital de Amor e o Centro de Controle Oncológico do Acre (Cecon).

O gerente de assistência da Unacon, Rafael Carvalho, explica que, além das melhorias na estrutura, a unidade foi revitalizada e entregue neste mês, para melhor oferecer os serviços necessários a quem sofre com a doença. “O nosso objetivo é de que a paciente, apesar do câncer, viva a sua vida”, afirma.


Na unidade, que fica anexa à Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre), mais de 120 profissionais atuam e contribuem para a capacitação de novos profissionais da medicina. E é com esse apoio que acadêmicos estudam as especificidades dos pacientes atendidos na unidade e mais: “Aprendemos muito sobre valorizar a vida”, diz a interna Jaqueline Oliveira, estudante do 10º período.


Unidade de Alta Complexidade em Oncologia
Semanalmente, a Unacon atende, em média, 600 pacientes de todo o Acre e de outros estados, como Amazonas e Rondônia e, também, de países vizinhos, como a Bolívia, por meio do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg). No ambulatório, cerca de 120 pacientes recebem atendimentos especializados diariamente. Na emergência, a média é de 20 a 30 pessoas atendidas por dia, no setor que funciona 24 horas, durante toda a semana.


O radio-oncologista Melk Hadad é o médico responsável pela operação da máquina aceleradora linear, um dos equipamentos mais modernos no tratamento da tumoração. Segundo o profissional, diariamente são disponibilizadas 70 vagas pela manhã, tarde e noite, com atendimentos personalizados.

Ainda assim, a atuação da equipe vai além do atendimento técnico e envolve o sentimento de humanidade. “No início, os pacientes sentem um pouco de medo, mas depois entendem como é o tratamento, tiram dúvidas com a gente e criamos um vínculo e maior segurança”, explicou a técnica em radiologia Elenilda Melo.


No Acre, são matriculados entre 110 e 130 novos casos de câncer de mama por ano. As mulheres com mais de 50 anos representam 51% das pacientes com câncer de mama atendidas, conforme estudo da Unacon, em 2021. Segundo o estudo, quase 70% das mulheres identificam a doença em estágios avançados e apenas 30%, em estágios 1 ou 2, com mais chance de cura.

Entre os fatores de risco estão o fator idade, não ter tido filhos, menstruação precoce ou menopausa tardia, tratamentos hormonais, radiação ionizante, estilo de vida e histórico familiar.


A doença pode apresentar sintomas como a presença de um caroço no seio e a mama com textura de laranja. Nesses casos, a mulher pode buscar a Rede de Atenção Primária (postos de saúde) para investigação.

A campanha do Outubro Rosa busca alertar para a identificação de casos assintomáticos, com exames de prevenção, de dois em dois anos, para mulheres acima de 40 anos. É raro, mas homens também podem ser acometidos com a doença.

A população deve ficar atenta a sinais e, em caso de dúvida, procurar atendimento médico.

Por Karolini Oliveira-Agência de Notícias do Acre

Fotos: Neto Lucena/Secom

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