Política
O Ideb aponta, o Saeb confirma: os alunos acreanos estão aprendendo

A divulgação recente dos indicadores do Ideb referentes ao ano de 2023 trouxe ao debate público números que, à primeira vista, podem gerar interpretações apressadas ou superficiais. O Acre ainda aparece abaixo da média nacional em alguns recortes, é verdade, mas é também verdade que esses números não resumem toda a complexidade, os avanços e, principalmente, o trabalho que vem sendo feito para reverter esse quadro.
Os indicadores educacionais existem para isso: nos orientar. Eles não são uma sentença, e sim uma bússola. Dessa forma, vêm para nos ajudar a compreender o que está funcionando e o que precisa ser corrigido como política pública, buscando eficiência na gestão e responsabilidade.
No Acre, entre os fatores que impactam diretamente os índices está a distorção idade-série, uma herança de um sistema que, por anos, foi negado a muitas crianças e jovens, especialmente nas regiões mais isoladas do estado mais ocidental do Brasil. A gestão Gladson Camelí vem enfrentando esse desafio com investimentos na Educação de Jovens e Adultos (EJA), na aceleração de fluxo, e agora contamos com o reforço do programa Pé-de-Meia, do governo federal, que vai ajudar a manter o aluno na escola até concluir o ensino médio. Esses programas são ações concretas e estruturantes que vão, sim, fazer diferença.
Mas não estamos esperando o futuro acontecer. Estamos trabalhando num cuidado com as pessoas agora. No último domingo, o Acre realizou o maior concurso público da história da educação no estado: com três mil vagas, sendo 2.500 para professores e 500 para profissionais de apoio administrativo. Um número impressionante de mais de 52 mil pessoas se inscreveram. Isso, por si só, é uma demonstração de força e confiança na nossa rede. Reforçar o quadro de servidores traz um fôlego novo à educação, oferecendo à população um ensino com estrutura e presença, além de trazer renda estável para três mil residentes do Acre.
Também não se pode ignorar que, nos indicadores de aprendizado, superamos a média nacional nos anos iniciais do ensino fundamental. Esse dado, muitas vezes omitido, é sinal de que a base está melhorando. Estamos fazendo o dever de casa. Escolas integrais, entrega de fardamento, merenda chegando com regularidade, tudo isso conta, e muito, para manter nossas crianças e jovens no ensino regular.
Além disso, é preciso pontuar que o Ideb combina dois fatores, sendo a proficiência dos alunos e fluxo escolar (aprovação, reprovação, evasão). Quando olhamos apenas para a proficiência, medida pela prova do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), o Acre desponta como o melhor desempenho da região Norte, e figura entre os melhores do país. Em todas as etapas avaliadas, somos primeiro lugar na Região Norte em proficiência, ou seja, no desempenho dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática. Isso significa, de forma objetiva, que o Acre é hoje o estado com o melhor índice de aprendizagem de toda a região. Os nossos estudantes estão aprendendo. O que ainda nos puxa para baixo é o fluxo, e nisso temos sido transparentes, tendo o fortalecimento ao enfrentamento da evasão, especialmente na zona rural, como prioridade.
Outro ponto que pesa nesse fluxo é a taxa de reprovação, e sobre isso temos uma posição clara: não se trata de maquiar número, nem de empurrar aluno de um ano para o outro sem a devida aprendizagem. Ao contrário, a orientação para toda a equipe é não suavizar o diagnóstico. Os dados precisam refletir a realidade. Porque é só com base nela que podemos tomar melhores decisões e corrigir as direções nas políticas públicas, garantindo avanços sustentáveis na rede de ensino estadual do Acre.
Estamos em trabalho contínuo, reconhecendo os desafios, mas sem aceitar carimbos. Seguimos transformando vidas por meio da educação. Uma transformação que não se faz com atalhos nem frases de efeito, mas exige políticas públicas consistentes e decisões orientadas por evidências. É isso que temos feito, e seguiremos fazendo com seriedade e compromisso com a realidade de nossa comunidade escolar.
Por Aberson Carvalho- Agência de Notícias do Acre