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Cultura

Produção da Animação “Encantado : O Boto Cor-de-Rosa em Rio Branco”

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Capa produzida por Matheus Henrique

Encantado: Curta Animado do Acre Ressignifica Mito do Boto com Amor LGBTQIAP+ e Alerta Climático
RIO BRANCO (AC) – O mito do boto cor-de-rosa, conhecido em todo o Brasil por suas histórias sedutoras e misteriosas, ganha uma nova roupagem no curta-metragem animado “Encantado: O Boto Cor-de-Rosa em Rio Branco”. Criado por artistas locais, o projeto propõe uma releitura LGBTQIAP+ da lenda amazônica, entrelaçando romance, ancestralidade e urgência ambiental em uma narrativa delicada e crítica.

A história parte de um encontro improvável: um jovem bissexual encontra um boto debilitado pelas águas poluídas do rio que corta a cidade de Rio Branco. Ao cuidar do animal, descobre que ele é uma criatura mágica capaz de assumir forma humana. A relação entre os dois se aprofunda e dá início a uma jornada de descoberta, amor e resistência, em meio às crescentes ameaças climáticas que assolam a região amazônica.O curta não se limita a um romance encantado. Ele provoca reflexões sobre identidade de gênero, pertencimento cultural e o impacto devastador das mudanças climáticas, especialmente sobre populações amazônidas. Em 2024, o Acre vivenciou a maior cheia já registrada em Brasiléia e também figurou entre os locais com o ar mais poluído do mundo. Essas tragédias não passaram despercebidas pela produção, que costura elementos da vida real ao universo fantástico da animação.

Capa produzida por Matheus Henrique
“Muito se fala sobre salvar a Amazônia, mas somos nós os primeiros a sentir seus colapsos. Quando os rios transbordam, quando a fumaça sufoca, quando os botos morrem… somos nós que choramos primeiro”, destaca a equipe criadora do curta.
Além da pauta ambiental e da representatividade queer, Encantado se dedica a valorizar os traços culturais de Rio Branco. Em sua direção de arte, ilustram-se cenários como o Mercado Velho, a Gameleira, a Praça da Revolução, e momentos cotidianos como tomar tacacá, dançar forró e comer kibe — símbolos afetivos que, para quem vive na capital acreana, representam muito mais do que simples paisagens: são memórias vivas.

O projeto também reverencia os mestres da cultura dos “encantados”, guardiões de saberes orais e mitos que entrelaçam o imaginário amazônico. “Contar a história do boto é, também, contar a história dos nossos mestres e das águas que correm por aqui. É uma forma de resistência cultural e ecológica”, afirmam os realizadores.
Encantado: O Boto Cor-de-Rosa em Rio Branco conta com financiamento da fundação garibalde Brasil o que reforça o compromisso institucional com a valorização da cultura local, da arte independente e das temáticas urgentes que atravessam o cotidiano amazônico.
A proposta é clara: fazer da arte uma ferramenta de transformação. O curta se insere como uma produção que emociona e educa, promovendo a conscientização ambiental e resgatando o sentimento de pertencimento da população local, muitas vezes alheia à própria história por conta de um apagamento sistemático.
“Como cuidaremos de uma casa que não sentimos que é nossa?”, questiona Theteu (Matheus Henrique), artista criador e idealizador por trás da tela.

Ao final da jornada, Encantado se apresenta como mais do que uma animação: é um chamado. Um convite ao diálogo entre tradição e futuro, entre afeto e luta, entre magia e realidade. Uma obra que abraça a diversidade, denuncia as injustiças climáticas e celebra o Norte com orgulho e poesia.

FICHA TÉCNICA

Título: Encantado: O Boto Cor-de-Rosa em Rio Branco
Ano de Produção: 2025
Gênero: Curta-metragem animado, fantasia, romance, LGBTQIAP+, ambiental
Criação e Direção: Matheus Henrique
Roteiro: Matheus Henrique
Direção de Arte: Matheus Henrique e Henrique Almeida
Animação: Matheus Henrique da Silva Oliveira, Henrique Almeida, Diego Fontte, Lucas da Costa, Jhônatas Nathan, Ana Caillany Barroso Gomes
Produtora Cultural: Maya Dourado
Trilha Sonora Original: Maya Dourado/Saulo Olimpo
Equipe de Comunicação: Jailanne Almeida, Andréia Farias, Devid Queiroz, Matheus Henrique da Silva Oliveira, Henrique Almeida
Apoio Cultural: Fundação garibalde Brasil

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