Cultura
Com apresentações marcantes, 4ª noite do Arraial Cultural reúne centenas de pessoas

A 4ª noite do Arraial Cutural, reuniu centenas de pessoas na gameleira de Rio Branco, o espetacúlo da noite ficou a cargo das quatro juninas que dançaram, cantaram e emocionaram o público. Com história de fé e superação as quadrilhas com as mais diversas produções subiram ao tablado da Arena dos Folguedos, na última noite de apresentações.
O presidente da Fundação Elias Mansour (FEM), Minoru Kinpara falou sobre os preparativos desse grande espetáculo: “A gente aumentou ainda mais o conforto, aumentou ainda mais a segurança e, assim, ponto alto do Arraial, realmente a apresentação das quadrilhas juninas, nós temos aqui a competição estadual e, assim, as quadrilhas do interior vieram um número bastante grande, 7 quadrilhas das 15 e, assim, a qualidade foi lá pra cima, elevou o nível do nosso Arraial e juntou com as quadrilhas aqui de Rio Branco, que já davam um show à parte, ou seja, o conjunto da obra ficou lindo”, ressaltou.
Sobre a última noite Kinpara acrescentou: “Hoje estamos encerrando as apresentações das quadrilhas, amanhã será a apuração e no domingo, vamos ter os desfiles com a apresentação das três melhores classificadas. Vai ser uma festa linda, juntamente com a premiação, são R$ 150 mil reais que serão distribuídos. Logicamente, eles mereciam muito mais, mas eles certamente não fazem isso por dinheiro, fazem por amor e pelo carinho, à arte. E nós aqui do Acre temos que nos orgulhar dos nossos queridos fazedores de cultura. Fizemos esse espaço que foi preparado com todo o cuidado e carinho, o tanto pelo governo do Estado, a orientação do nosso governador, Gladson Camelí, todo mundo trabalhou junto, unidos. É por isso que a festa ficou bonita, a festa está bonita e ainda dá tempo, porque hoje é o quarto dia, nós temos até domingo. Então quem está em casa, quem está acompanhando pelas redes sociais, pelo YouTube, é melhor vir. É muito gostoso, o ambiente está seguro, está confortável, aconchegante e maravilhoso”, expressou o gestor da FEM.
Nesta sábado, 28, além das apresentações culturais, será feita a apuração para definir as campeãs da competição estadual de quadrilhas. No domingo, 29, a população poderá assistir mais uma vez as juninas durante o desfile das campeãs.
Sassaricando na Roça: força, fé e a pureza feminina
A quadrilha Sassaricando na Roça retornou este ano ao tradicional Arraial Cultural com o tema Maria, Mãe da Pureza, a apresentação prometia emocionar o público com coreografias vibrantes, figurinos detalhados e um enredo que celebra a fé, a força e o papel transformador da mulher na sociedade. E a promessa foi cumprida.
De acordo com um dos coordenadores da Sassaricando, Júnior Martins, a espectativa é emocionar o público e ganhar o estadual. “Estamos aqui bem a flor da pele, o estadual, ele sempre mexe muito. Nós estamos nos preparando desde o ano passado. Desde novembro, começou todo esse preparativo, com essa temática, a decisão dessa temática, e aí a gente começou a fazer os estudos, e um trabalho bem assíduo de todo mundo, trabalho tanto do corpo dançante, como do corpo de teatro, todos os apoios, então a gente vai entregar o que a gente pode fazer, vai dar certo. Estamos na expectativa de ganhar mesmo. Já viemos com o título municipal, ganhamos nesse ano já, e estamos para a briga para ganhar o nosso estadual”.
Sobre o tema escolhido, Martins acrescentou: “Nosso tema é Maria Mãe da Pureza, nós estamos falando sobre a Fortaleza que é ser Mulher da Maria, do ser Mãe, do ser Filha, de tudo isso, então a gente falar dessa guerreira que é Mãe, essa guerreira que é Mulher, então vai dar super certo”.
Fundada em 1º de fevereiro de 2003, com o nome Caipiras do Nova Esperança, a quadrilha mudou de nome e passou a se chamar Sassaricando na Roça; e com ela nasceu a missão de resgatar jovens em situação de vulnerabilidade social nos bairros Nova Esperança, Esperança I, II, III e Habitar Brasil.
“Eu tento acompanhar todos os anos. A Sassaricando arrasou demais, estava tudo muito lindo”, expressou a professora de Educação Física, Aldeniza Fernades.
A junina é composta por 150 membros, entre dançarinos e atores do tradicional casamento caipira; contando ainda com a equipe de apoio, aderecistas, confeccionistas, maquiadores e costureiras. A coordenação está a cargo da presidente Ellen Hanashara, do vice-presidente Júnior Martins, da tesoureira Kedna Damasceno e dos secretários Anthony e Radicleison.
Junina Tradição: Um homenagem a São Sebastião
A Junina Tradição trouxe ao Arraial Cultural 2025 uma apresentação marcada pela fé e devoção à São Sebastião, refletido no tema: “Padroeiro: a fé que move um povo inteiro”. Inspirada no santo protetor do município de Epitaciolândia, a quadrilha levou um enredo que resgatou tradições regionais e emocionou os fiéis que prestigiaram o espetáculo.
Morador do Alto Alegre Léo Almeida, asssitiu a apresentação e fico estasiado com o espetáculo: ” Foi perfeita, muito bem, sempre estou aqui, já assisti outras vezes esse ano ela veio mais, mais potente, bem legal, representaram bastante” destacou.
Fundada em 2022, sob a coordenação do professor Ricardo Maffi e nascida na Escola Estadual Belo Porvir, o grupo se fortaleceu nos ensaios iniciados em março deste ano. Com mais de 80 integrantes diretos, e cerca de 120 envolvidos no total, a Junina Tradição cativou o público com expressões regionais e uma mensagem cristã clara, fruto de um trabalho coletivo focado em manter viva a cultura junina no interior do Acre.
“Sou coordenador, produtor, no interior a gente tem que fazer de tudo um pouco. A gente trouxe uma apresentação muito voltada na fé ao nosso padroeiro trazendo as raízes de Epitaciolândia do nosso município, defendendo a nossa cultura e trazendo muita alegria aí pra todo esse pessoal que vai estar assistindo aqui à apresentação”, ressaltou Ricardo.
Pega‑Pega: o sertão, a vaquejada e o afeto social das tradições
Com 29 anos de trajetória, a quadrilha Junina Pega‑Pega chegou ao Arraial Cultural com o tema “É de laço e de nó”, enaltecendo o sertão, a vaquejada e as tradições comunitárias em uma narrativa que reforçou vínculos afetivos e sociais. A apresentação teve 150 participantes, incluindo 40 casais no tablado, em um espetáculo fruto de criação coletiva entre coreógrafos, direção artística e produção.
Luciana Araújo conta que há 25 anos é membro da junina Pega-pega, participando em todos os setores da quadrilha. “Hoje eu sou intérprete de libras da quadrilha, a gente vem se preparando há mais ou menos uns 8 meses, porque o Festival Estadual é algo que todas as quadrilhas almejam E a Junina Pega Pega não é diferente. É um festival que particularmente eu sempre gostei de dançar, sempre gostei e é onde a gente consegue interagir melhor com o público, pois as arquibancadas ficam mais próximas do tablado”, frisou.
Com representações nacionais e amplo reconhecimento, o grupo trouxe ao palco não apenas performances, mas também histórias vividas e compartilhadas: um casamento simbólico que representou laços de afeto, coragem e resistência.
“Foi uma apresentação com a energia incrível, satisfatória, porque conseguimos apresentar tudo o que planejamos nos últimos seis meses. Foi linda, foi vibrante, com a energia lá em cima e acredito que está todo mundo satisfeito, porque entregou o que preparamos para o público. O resultado é consequência do que os jurados vão entender, mas estamos satisfeitos porque entregamos tudo o que preparamos”, pontuou Cimar dos Santos, produtor cultural do grupo. .
Com forte atuação comunitária, a quadrilha vai além do espetáculo e atua como espaço de inclusão e transformação social, oferecendo oficinas e mutirões à juventude de áreas periféricas da capital acreana.
Reconhecida em março como patrimônio cultural do Acre e nomeada Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura, a Pega‑Pega é hoje símbolo de resistência e valorização da cultura popular.
Junina Forrozeira: Entre seringais e batalhas
Sendo a 4ª da noite a se apresentar a junina Forrozeira foi fundada em 5 de maio de 2022, no município de Porto Acre, com o propósito de valorizar as tradições juninas e incentivar a participação de jovens e adolescentes na dança popular nordestina.
O grupo trouxe para o tablado da Arena dos Folguedos, o tema “Entre seringais e batalhas: um amor proibido”. A Forrozeira veio de uma cidade marcada por sua diversidade cultural, dividida em quatro vilas, o grupo reúne atualmente 55 integrantes, entre brincantes e atores com idades entre 13 e 42 anos, todos movidos pela paixão pelas festas juninas e pela cultura popular brasileira.
Sobre a apresentação a coordenadora, roteirista e produtora cênica do grupo junino, Josi Orakis, destacou: “Nós trouxemos para vocês hoje a temática entre seringais e batalhas um amor proibido. Vamos contar a história de como Porto Acre, o nosso município, lutou para fazer parte do estado do Acre. Hoje nós estamos com 14 pares, 28 brincantes. Mas também temos alguns componentes dentro do casamento que não fazem parte da dança e 15 pessoas nos ajudando na parte de apoio. A expectativa está grande, esperamos trazer um belíssimo espetáculo para quem veio aqui nos assistir”.
Desde sua criação, a junina Forrozeira vem se destacando em eventos locais e regionais, com apresentações vibrantes por toda a cidade de Porto Acre. Participamos com entusiasmo de concursos estaduais de quadrilhas juninas, além de competições intermunicipais promovidas por diferentes municípios.
Assistindo atentamente as apresentações, Selma Rocha conta que veio prestigiar as quadrilhas em especial a Forrozeira e Escova Elétrica. “Eu vim para assistir a do município de Porto Acre, que é a minha cidade, e agora essa da escova Elétrica, que é do bairro onde eu moro, acredito que eles também vão ser show!”, expressou Selma.
A última quadrilha junina da noite foi a Escova Elétrica, que trouxe para a apresentação no Concurso Estadual de Quadrilhas do Arraial Cultural, a história do Boi Assombroso, que conta a lenda de um índio que foi morto no passado por fazendeiros quando protegia a floresta. Este índio foi salvo pelo pajé, que colocou nele um feitiço que fez o índio virar o Boi Assombroso, criado para a floresta. O feitiço só acabará quando o índio se apaixonar e o pajé desfizer o encanto.
O casamento contou com a magia e os encantos da família sulista que veio para floresta explorar as matas amazônicas e conheceu o Boi Assombroso. O desencanto foi feito durante a apresentação de dança.
O coordenador da quadrilha Escova Elétrica, Kelriday Vieira, falou um pouco sobre o trabalho de preparação: “A gente preparou um espetáculo, a gente vai falar sobre a história de um índio que ia ser caçado pelos fazendeiros e o Pajé transformou ele em um boi assombroso. Que esse encanto só seria desfeito quando ele conseguisse se apaixonar, então o noivo no contexto será esse boi, que no meio da dança, será transformado de novo no índio e ele irá casar com a sinhazinha que veio junto com os fazendeiros sulistas. Com certeza, vai ficar todo mundo emocionado, espero que a gente emocione os jurados também”.
Sobre a disputa para o estadual;“A gente tem uma grande expectativa também de estar entre as três primeiras, a gente sabe que está bem disputada e o negócio aí vai ser detalhe, mas eu acho que a gente tem condições sim de pegar o primeiro lugar”, acrescentou Viera.
A quadrilha junina Escova Elétrica conquistou o público acreano com sua irreverência e estilo ousado. O nome, por si só, já chama atenção e reflete o espírito criativo do grupo, que mistura o tradicional com o contemporâneo de forma surpreendente.
O grupo conta hoje com mais de 130 integrantes de Rio Branco e Plácido de Castro. A quadrilha promove anualmente eventos culturais de grande destaque, como o já consagrado “Arraiá Me Eletriza”, que está em sua 9ª edição. Além das festividades juninas, a Escova Elétrica também realiza ações sociais durante datas comemorativas.
Com sua origem em 27 de março de 1999, na Vila Acre, em Rio Branco. Ao longo de 26 anos de história, a quadrilha já acolheu cerca de 1,2 mil artistas, formando talentos e oferecendo oportunidades por meio de capacitação e incentivo à cultura popular. Esse compromisso fortalece a diversidade e mantém viva a chama das tradições nordestinas na região.
Fhaidy Acosta-Agência de Notícias do Acre
Foto: Clemerson Ribeiro/Anac