Artigos
Em Sena Madureira: Lago Amapá onde o navio Guanabara, naufragado no Alto Iaco

Um momento histórico foi registrado recentemente no município de Sena Madureira (AC). Um antigo morador voltou, após mais de 70 anos, às margens do Lago Amapá, localizado no Alto Rio Iaco, uma das regiões mais isoladas da zona rural do município. O acesso até o local pode levar mais de 10 dias de barco a partir da cidade.
O lago, segundo os moradores mais antigos, guarda não apenas memórias, mas também um mistério que atravessa gerações: o naufrágio do navio Guanabara, considerado o maior barco de transporte que operava na região durante o auge do ciclo da borracha, há cerca de 80 anos.
De acordo com relatos repassados por seringueiros e antigos moradores, o navio Guanabara fazia o transporte de mercadorias, mantimentos, armas e outros suprimentos que abasteciam os seringais na região do Alto Iaco. Durante uma de suas viagens, ao tentar fazer uma curva acentuada no trecho onde hoje é o Lago Amapá, o navio teria colidido com um tronco submerso e afundado.
Apesar da gravidade do incidente, ninguém morreu no naufrágio. No entanto, muitos equipamentos e armas que estavam no porão da embarcação permanecem até hoje no fundo do lago, segundo contam os moradores da região.
O retorno do antigo morador ao local trouxe à tona essas histórias, que resistem ao tempo na memória dos poucos que ainda viveram ou ouviram os relatos diretamente de seus pais e avós. Para eles, o lago é mais do que um ponto geográfico é um símbolo da história esquecida de Sena Madureira.
“Dizem que parte do casco ainda pode ser vista em épocas de seca, quando o nível da água baixa. É como se o passado estivesse lá, esperando para ser lembrado”, conta um dos moradores da comunidade ribeirinha próxima.
Embora não haja registros oficiais do naufrágio do Guanabara, os relatos reforçam a importância de preservar e investigar a memória local. O Lago Amapá pode ser um verdadeiro patrimônio histórico submerso, guardando vestígios de uma época marcante para a economia e cultura do Acre.
Por Ronaldo Duarte