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Cultura

VÍDEO: Estudantes da Ufac realizam 1ª Mostra de Jornalismo Documental

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Na noite da última segunda-feira, 7, os estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre (Ufac), realizaram no Cine Teatro Recreio, localizado no centro de Rio Branco, a 1ª Mostra de Jornalismo Documental. O evento contou com a exibição de seis curta-metragens produzidos pelos alunos da disciplina de Vídeo Documentário, ministrada pelo professor Paulo Santiago.

A Mostra foi um espaço para refletir, por meio do audiovisual, temas sociais de grande relevância, como o feminicídio, o conservadorismo nas igrejas, a abordagem policial e a realidade de mulheres encarceradas. Segundo o professor Paulo Santiago, a proposta da disciplina foi levar os estudantes a compreenderem os processos comunicacionais da construção de um documentário antes de entrar em ação.

“Temos esse mito de que os cursos não levam as coisas para a prática. Mas a teoria surge exatamente da experiência, da vivência nas ruas, na sociedade. Então, aplicamos a teoria no início para que eles compreendessem o processo e, depois, fossem para a prática. O documentário jornalístico permite esse aprofundamento que a reportagem televisiva tradicional, muitas vezes, não consegue oferecer”, explicou o professor Paulo.

Santiago destacou ainda a dedicação dos estudantes e a sensibilidade com que abordaram temas muitas vezes negligenciados pela sociedade. “Todos os documentários foram produzidos com bastante empenho. Seja sobre a realidade dos músicos em Rio Branco, seja sobre mulheres encarceradas, são temas reais e impactantes. Fiquei muito feliz com o resultado”.

Exibição da 1ª Mostra de Jornalismo Documental – Foto: Mirlany Silva

Uma das produções mais impactantes foi o documentário “O Silêncio do Abandono”, da estudante Emely Azevedo, que retrata a realidade de mulheres privadas de liberdade no presídio feminino da capital.

“Enfrentamos muitas dificuldades, desde a burocracia para entrar no presídio até as limitações de segurança. Mas, no final, o sentimento é de gratidão, principalmente pela experiência. Quero que esse trabalho seja a voz daquelas mulheres. O que ouvimos e vimos lá foi muito intenso”, afirmou Emely. “O documentário começou com uma ideia totalmente diferente e foi se transformando. Eu quero que as pessoas reflitam: até onde vai o abandono dessas mulheres?”.

Além de abrir espaço para debates importantes, a Mostra também teve como objetivo valorizar o trabalho produzido dentro da universidade e mostrar à sociedade a qualidade da formação dos novos jornalistas.

“Queremos mostrar que estamos formando profissionais qualificados, com senso técnico e ético apurado. E também queremos provocar a reflexão sobre as pautas que escolhemos abordar, que são fundamentais para compreendermos a realidade que vivemos”, concluiu o professor Santiago.

A 1ª Mostra de Jornalismo Documental que contou com o patrocínio da Sans Filmes, reuniu estudantes, professores, familiares e membros da comunidade.

Veja abaixo as sinopses dos curtas-metragens:

O silêncio do abandono
Sinopse:
Esquecidas pelo mundo, mas não pela dor. O Silêncio do Abandono revela a realidade de mulheres encarceradas que, além da privação de liberdade, enfrentam o peso da solidão. Na Penitenciária Dr. Francisco de Oliveira Conde, 162 detentas cumprem pena, mas para 45 delas, a punição se estende para além dos muros: sem visitas, sem cartas, sem qualquer lembrança de que um dia pertenceram a alguém. Enquanto o tempo passa, a ausência da família deixa marcas profundas. O vazio é preenchido por lembranças dos filhos que ficaram, pelo medo do esquecimento e pela incerteza do futuro. Algumas tentam resistir por meio do trabalho e dos cursos oferecidos no presídio, mas a falta de apoio externo torna a reinserção social um desafio quase inalcançável. Com um olhar sensível e realista, O Silêncio do Abandono escuta essas mulheres, suas dores e esperanças. Entre lembranças do passado e expectativas para o futuro, o documentário questiona: até onde vai a pena de uma mulher encarcerada?

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A mulher que morre em Rio Branco
Sinopse:
No silêncio das ruas e na falta de punição, “A Mulher que Morre em Rio Branco” mostra a realidade do feminicídio em Rio Branco, Acre. O documentário traz relatos de especialistas como Patrícia Rego e Rubby Rodrigues, do Ministério Público, e Capitã Priscila Siqueira, da Patrulha Maria da Penha, para explicar como a violência contra a mulher acontece e se repete. A produção mostra as dificuldades que as mulheres enfrentam para conseguir justiça e o que as instituições fazem para mudar essa situação. Mais do que uma denúncia, a produção quer chamar atenção para esse problema e incentivar a luta contra a violência.

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À margem da lei: como abordagens policiais moldam o ódio nas periferias
Sinopse:
Nas periferias, a abordagem policial não é apenas um ato de fiscalização – ela molda vidas, relações e sentimentos. Este documentário investiga como a repetição de abordagens agressivas constrói um ciclo de medo, desconfiança e ódio entre a polícia e as comunidades periféricas. Por meio de relatos pessoais, análises históricas e entrevistas com especialistas, exploramos o impacto psicológico e social dessas interações, a criminalização da pobreza e a estigmatização da juventude negra. Como a sociedade contribui para essa percepção distorcida das periferias? Como isso afeta a identidade coletiva dos moradores?

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Tudo que cabe na mochila
Sinopse:
No centro de Rio Branco, entre ruas movimentadas e olhares apressados, vivem pessoas cujas histórias raramente são ouvidas. Nosso documentário mergulha no cotidiano da população em situação de rua, revelando suas trajetórias, desafios e sonhos esquecidos. Através de depoimentos, a obra busca conhecer e oferecer uma nova perspectiva sobre aqueles que, apesar de ignorados pela sociedade, carregam em si histórias de resistência e humanidade.

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A noite amazônica
Sinopse:
Nas profundezas da densa floresta amazônica, o silêncio da noite abre alas a uma sinfonia de sons. Em um cenário onde as dificuldades financeiras frequentemente prevalecem aos sonhos, artistas da música se reinventam para sobreviver. O documentário A Noite Amazônica mergulha na trajetória de músicos que sonham em viver de sua arte, revelando os desafios e a dualidade profissional enfrentados para se manterem na capital acreana, Rio Branco. Com participações de artistas de renome nacional, como Diogo Soares, a narrativa traça um paralelo entre suas ocupações e a jornada artística, expondo, com sensibilidade, os altos e baixos de quem resiste em nome da música. Quando a noite cai, o silêncio ecoa e dá lugar a vozes que lutam para manter seus sonhos vivos. A Noite Amazônica é um retrato das melodias ainda não cantadas e dos desabafos de uma categoria muitas vezes invisibilizada.

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Êxodo 18:21 entre fé e política
Sinopse:
Em meio ao cenário político do Acre, nasce a união entre o conservadorismo e os discursos políticos nas igrejas evangélicas. O documentário questiona as falas que misturam fé e política no púlpito, mas afinal de contas, política e religião devem se unir ou se repelir? O curta-metragem busca abordar esses dois extremos e como ao passar dos anos foram se tornando mais recorrentes e unidos. Ao apresentar olhares na perspectiva social, educacional e religiosa, o documentário expõe as consequências dessa união na sociedade e como ela é percebida por diferentes pontos de vista.

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