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Prefeitura garante transporte de produção e travessia de ribeirinhos isolados na zona rural de Rio Branco

A cheia do maior manancial de Rio Branco, o Rio Acre, tem causado prejuízos e deixado isolados moradores da zona rural da capital acreana. Para amenizar os efeitos da alagação, o poder público municipal tem realizado uma série de ações de ajuda à população das localidades mais distantes.

Entre as ações, a Prefeitura de Rio Branco está custeando a travessia dos moradores ribeirinhos em barcos, além do escoamento da produção dos agricultores. Exemplo disso foi visto na região do Panorama e do Catuaba.

De acordo com João Olímpio, morador da região do Panorama há 73 anos, cerca de 150 famílias estão isoladas por conta da cheia e é ele o responsável por fazer a travessia dos moradores que precisam se deslocar à cidade e também dos estudantes.

“Aqui onde eu estou, eu moro há 73 anos. Uma colega fez um levantamento e trouxe aqui pra mim 150 famílias aí dentro. Aí o pessoal da secretaria, lá da Seagro, pediu que botasse um barco aqui. Então a gente arrumou esse barquinho pra ficar aqui. Tem um outro lá mais em cima também, quando um só não dá, a gente coloca os dois”.

O morador disse ainda que a travessia dos moradores começa cedo, com a vinda dos estudantes que tem que estar antes das 6h na parada de ônibus.

“Tem alguns aqui que é 20 para às 6h já tem que estar com ele aqui desse lado pra ele pegar o ônibus das 6h. Aí vai pro Senai, lá faz curso no Senai, lá no Distrito. Não é fácil, não! 4h da manhã a gente tem que está botando o barco no ponto aqui pra dar passagem pra esses alunos. Aí depois o ônibus vem buscar os outros”.

Diariamente cerca de 50 pessoas realizam a travessia na região alagada do Panorama.

“No sábado e no domingo eu anotei o nome das pessoas. A gente chegou a atravessar uma base de 50 pessoas por dia, indo e vindo. Hoje está mais calmo. Estão trabalhando e são muita gente que trabalha pra cá”, disse João.

Antônio Moreira Braga, morador do Catuaba há 36 anos, região do Belo jardim, é o responsável pelo transporte dos moradores da localidade. Trabalhando como autônomo, ele se dispôs a ajudar atravessando os moradores que precisam sair para ir à cidade ou no transporte da produção dos agricultores da região. No Catuaba residem cerca de 600 famílias todas produzindo macaxeira e seus derivados, como goma e tucupi.

Antônio Braga disse que chega no ponto de alagação por volta de 1h da madrugada para começar a ajudar os produtores na travessia dos produtos e das pessoas. Somente nesta terça-feira (18), ele afirma ter realizado mais de cem travessias.

“Eu sou autônomo e o pessoal da prefeitura veio me procurar, e eu estou trabalhando aqui para tirar o pessoal para trabalhar, levar para a rua. Eu chego aqui uma hora da madrugada para atravessar o pessoal e saio daqui dez horas, dez e meia, onze horas. Enquanto tiver pessoa eu estou atravessando. Tem umas 600 famílias ou mais só aí dentro tudo produzindo macaxeira e goma. Hoje foi tirado um monte, chegaram aí, saíram duas caminhonetes agora da secretaria que vieram buscar o produto que estava aqui para entregar para o pessoal lá na cidade. Só hoje saiu quatro carradas de tucupi daqui e goma”.

Sobre a importância do apoio da prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura (Seagro), o morador avaliou como muito importante para a assistência aos atingidos pela cheia.

“Toda vida eles deram apoio para nós. Tem o pessoal que trabalha na feira, eles ajudam no caminhão. Vêm buscar e vêm deixar toda terça-feira. É mais importante, porque se não apoiasse o pessoal, o agricultor todo aqui, tava meio esquisito o negócio aqui, ó, pra nós”.

A prefeitura, por meio da Seagro está custeando o combustível para as embarcações realizar o transporte de pessoas e produtos, e esse serviço é realizado de forma gratuita, fato comemorado por quem precisar atravessar os pontos de alagamento, como é o exemplo da moradora Juliana Araújo que conversou com a equipe enquanto aguardava o barco para ir para casa após realizar a matrícula escolar de dois dos três filhos, destacou Antonio.

“É bom para nós, para a população, os moradores, porque tem muitos moradores que saem cedo de casa e já tem esse apoio e é de graça que a prefeitura dá, né? Pois fui matricular as crianças na escola”, disse a moradora, Juliana Araújo.

Gleydison Meirelles/Secom

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