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A força e representatividade das mulheres em posições de poder

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Foto: Neto Lucena
Foto: Neto Lucena

Se, há algumas décadas, alguém dissesse que uma mulher estaria à frente da Polícia Militar do Acre (PMAC), muitos torceriam o nariz. Alguns por puro preconceito e machismo, outros, talvez, por ignorância e apego à tradição. Mas a história se encarregaria de mostrar o quanto estavam errados. Após mais de um século sob comandos masculinos, a PMAC viveu um momento histórico na virada do ano, quando a coronel Marta Renata assumiu o comando-geral, rompendo barreiras e reafirmando que liderança não se define pelo gênero, mas pela competência e preparo.

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, vai além de uma data comemorativa. É um convite à reflexão sobre a trajetória feminina, especialmente na conquista de espaços de liderança e poder. No Acre, essa evolução ganhou um marco simbólico com a posse da primeira mulher no mais alto posto da Polícia Militar, um feito amplamente reconhecido, tanto nas fileiras da caserna quanto na sociedade civil. Mais do que representatividade, essa conquista materializa o real empoderamento feminino, demonstrando que as mulheres têm plena capacidade para liderar instituições historicamente dominadas por homens.

Mas, discutir a presença feminina no comando vai além da ocupação de cargos de liderança. Trata-se de igualdade e, sobretudo, de equidade de gênero. A sociedade avança quando reconhece e valoriza as diferenças entre seus indivíduos. Enquanto a igualdade de gênero assegura que homens e mulheres tenham os mesmos direitos e oportunidades, a equidade compreende que, para que essa igualdade seja efetiva, é preciso considerar os desafios e barreiras que cada um enfrenta. E é exatamente esse avanço que testemunhamos hoje na Polícia Militar e em outras instituições acreanas.

No estado, as mulheres têm conquistado espaço também em outras áreas estratégicas. Um levantamento recente mostrou que o Acre ocupa a nona posição no ranking nacional de mulheres em cargos de liderança, com 27% das posições de destaque, a segunda melhor posição da região Norte, atrás apenas do Amapá, que registra 41% de mulheres em funções de gestão. Esse crescimento, embora expressivo, ainda enfrenta resistência.

É possível encontrar homens que se sintam ameaçados pela ascensão feminina, especialmente em setores tradicionalmente masculinos. Esse desconforto, no fundo, reflete um preconceito de gênero enraizado na ideia ultrapassada de que autoridade e comando são atributos exclusivos dos homens. A realidade, no entanto, tem mostrado o contrário: mulheres em cargos de chefia não apenas entregam resultados tão bons quanto os homens, como também trazem novas perspectivas para a gestão e a tomada de decisões.

Na segurança pública, o Acre acompanha um movimento já consolidado em outras partes do Brasil e do mundo. Em São Paulo, por exemplo, as mulheres ingressaram na polícia ainda nos anos 1950, e, desde então, muita coisa mudou. Hoje, mais de 46 mil mulheres fazem parte das Polícias Militares em todo o país, mas elas ainda representam apenas 11% do efetivo total. Esses números evidenciam que o caminho ainda está sendo construído, mas cada avanço reafirma que ele é, de fato, possível.

Para garantir que a representatividade feminina se reflita em todas as esferas da administração pública, especialmente em áreas estratégicas como segurança, saúde e educação, ainda há um longo percurso a ser trilhado. É essencial que as futuras gerações de mulheres cresçam com a certeza de que seu gênero não será um obstáculo para alcançar os cargos que desejam. O exemplo da coronel Marta Renata e de tantas outras mulheres no Acre e no Brasil inspira jovens que sonham em fazer a diferença em suas comunidades e na gestão pública.

A presença de uma mulher no comando de uma instituição histórica, assim como em outras posições de liderança, não é apenas uma vitória feminina, mas um passo decisivo rumo a uma sociedade mais justa, onde a competência se sobressai ao gênero. Ao celebrarmos o Dia Internacional da Mulher, devemos lembrar que essas conquistas são apenas o começo de uma jornada contínua, que nos aproxima, cada vez mais, do ideal de igualdade, equidade e verdadeira representatividade.

 

Por Joabes Guedes

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