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Rádio rompe as barreiras do isolamento dos rios amazônicos

Sem sinal de telefone e energia elétrica, é no rádio que o povo da floresta encontra informação, cultura e entretenimento
É final de tarde no Seringal Liberdade e, à beira do barranco, Antônio de Araújo calafeta uma canoa. De voz mansa e postura acolhedora, o ribeirinho conta sua história e aborda a importância do rádio para a sua vida.
“O rádio aqui pra nós é o nosso telefone, né?”. Para entender a literalidade da fala de seu Antônio, é preciso navegar em um dos muitos rios amazônicos, nesse caso, o Paraná do Ouro, afluente do Envira, localizado no município de Feijó, interior do Acre.
Para chegar aonde o agricultor vive, são necessárias muitas horas de navegação, que variam a depender da embarcação. Segundo ele, de barco, a viagem chega a durar um dia e meio.
Na comunidade não há energia elétrica e nem sinal de telefonia, razão pela qual o rádio é fundamental. “Às vezes tem uma pessoa doente na família, a gente corre no rádio, passa a mensagem para avisar; se for caso muito grave, a gente desce [para Feijó, cidade mais próxima]”, relata.
Apesar da aparente calmaria, Antônio está apreensivo, pois sua filha foi picada por cobra e está em tratamento na cidade. “Se não fosse o rádio, nem dormir que preste eu tava dormindo esses tempos, preocupado, né, porque ela tá mandando mensagem pelo rádio pra dizer como é que tá”, desabafa.
A rádio a que o agricultor se refere é a Difusora de Feijó. É por meio dela que ele e os comunitários do Rio do Envira e seus afluentes encontram informação, cultura e entretenimento.
Lá, o rádio é tão presente que os radialistas têm uma relação amistosa com os ouvintes. A prova disso é que antes de a nossa equipe de reportagem sair do porto de seu Antônio, ele se aproximou da embarcação para pedir um favor ao radialista Gilberto Braga, que também é o atual diretor da rádio: se ele poderia procurar sua filha na cidade para saber como ela estava, e que depois enviasse mensagem no programa dizendo se estava bem.
Braga afirma que é comum essa relação dos ribeirinhos com os radialistas, pois os ouvintes, quando vão à cidade, procuram a rádio para tudo, desde enviar mensagens a pedir informações, algo que naturalmente os aproxima.
Diminuindo o isolamento
Algumas curvas do rio à frente, encontramos José Sousa, um jovem que também tem o rádio como seu principal canal de comunicação. “A gente que mora em uma zona rural não tem acesso à internet, não tem acesso a muita coisa, então é através do rádio que a gente sai do isolamento”, conta.
Sousa sempre morou em seringais isolados e até sua conversão ao protestantismo, segundo explica, foi pelo rádio. Hoje, é pastor e está construindo sua igreja na comunidade.
Elo entre a cidade e o campo
Ao pernoitar na casa de Saulo Tavares e Ezinar Parente, um alegre e receptivo casal, notamos uma realidade diferente. Também ali não existe energia elétrica, mas a propriedade tem placa solar, o que lhes permite usar eletrodomésticos, como a televisão. Mesmo assim, Tavares conta que é só por meio do rádio que obtém informação regional.
“Quando a gente liga a TV num jornal, só tem notícia nacional, do país, do nosso município não tem, nem do estado. Então, pra saber o que está acontecendo no nosso estado e no nosso município nós só sabemos através do rádio. Se tirar, aí nós vamos ficar sem se comunicar”, informa.
O casal, assim como os demais integrantes da comunidade onde vive, tem o rádio como único elo com o estado, algo que é feito diariamente por intermédio dos programas radiofônicos da região.
“Quando acontece alguma coisa, a gente sabe pelo rádio. Quando uma equipe médica vem pra cidade, eles avisam e quem tiver ouvindo avisa os outros. Aí a gente já se providencia com mais tempo pra poder chegar até lá e poder ter o atendimento. Se não fosse o rádio, seria muito mais difícil”, acredita Saulo.
Rádio: um companheiro na solitude
Já para dona Ezinar, o rádio é um companheiro nas horas de solitude e um canal para saber dos filhos, que vivem nas cidades: “Vem notícia da família, que mora fora, tudo pelo rádio. E, às vezes, o rádio é a minha companhia; se estou triste e ligo o rádio, fico alegre”.
Distante alguns quilômetros do Rio Paraná do Ouro, está a cidade de Tarauacá, que, como todos os municípios acreanos, é banhada por rios. No porto, encontramos José Nilton arrumando as bagagens para retornar à sua comunidade, no Rio Muru.
“Onde a gente está, o rádio é o único que vai chegar até lá, na zona rural. A gente escuta várias coisas, um aviso pra alguém da família da gente, ou até pra gente mesmo. A gente deixa [na cidade] alguma coisa pra resolver e no dia seguinte a gente é chamado pelo rádio, aí a gente consegue vir até aqui atender o que a gente está precisando. Por isso, o rádio é a coisa mais importante, mais principal pra gente hoje lá”, explica.
Rádio: a voz que ecoa na selva
Para quem vive na cidade, cercado de tecnologias, é difícil imaginar o que é dispor de um único canal de comunicação, mas, para muitos ribeirinhos amazônicos, como nossos entrevistados, o rádio ainda é o veículo de comunicação mais eficiente, porque consegue romper as barreiras do isolamento geográfico da imensa floresta.
Nesse circuito, encontra-se o Sistema Público de Comunicação do Acre, que opera nas frequências AM e FM. Há quase oito décadas, é por meio das rádios públicas que as comunidades isoladas conseguem acesso a diversos serviços sociais, pois somente elas, quando entram em rede, ou “em cadeia”, conseguem chegar a distantes comunidades indígenas, ribeirinhas e extrativistas.
Melhorias estruturais
Atenta a essa realidade, desde 2019 a gestão de Gladson Cameli vem investindo na melhoria e reestruturação das instalações das rádios presentes em sete municípios acreanos.
As rádios de Feijó e Tarauacá são núcleos que receberam investimentos. Além de reformas, o governo adquiriu transmissores transistorizados para substituir os valvulados. O sinal dessas rádios migrou do analógico para o digital, gerando melhoria na transmissão, que chega a mais de 75% da população acreana.
Em todo o estado, o governo já investiu aproximadamente R$ 1,5 milhão em benefício da reestruturação e ampliação predial do Sistema Público de Comunicação.
E, recentemente, em Brasília, a secretária de Estado de Comunicação, Nayara Lessa, apresentou ao secretário de Comunicação Social e Eletrônica do Ministério das Comunicações, Wilson Diniz, um projeto preliminar de modernização do sistema estatal de radiodifusão do Acre.
Na ocasião, Diniz se prontificou a ajudar e entregou o projeto apresentado pelo Acre para análise da diretora de Radiodifusão Pública Comunitária do órgão.
Esse mês, o projeto será discutindo também em audiência entre o governador Gladson Cameli, a bancada federal do Estado e o ministro das Comunicações, Juscelino Filho.
Por Mágila Campos- Agencia de Notícias do Acre
Fotos: Cleiton Lopes/Secom
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Morre Raimunda Nonata, moradora antiga do Rio Iaco, vítima de câncer
A trabalhadora rural Raimunda Nonata Vieira da Silva

A trabalhadora rural Raimunda Nonata Vieira da Silva, 60 anos de idade, morreu na última segunda-feira (29), em Rio Branco. Ela foi diagnosticada com câncer no pulmão e, apesar de todo o esforço, não foi possível reverter o quadro.
Dona Raimunda era bastante conhecida no Rio Iaco, principalmente na colônia Vila Preta, onde morava. Ela teve 15 filhos e criou três netos. “Foi uma mãe maravilhosa, uma mulher guerreira, sempre dedicada à família. Era casada com o meu pai há 40 anos. Ela deixa para todos nós um grande legado. A dor é muito grande nesse momento”, comentou Ivaíce Silva, sua filha.
De acordo com a família, há três meses dona Raimunda vinha sentindo dores nas costas. Ficou uma semana internada no Hospital João Câncio Fernandes, em Sena Madureira, e em seguida foi transferida para Rio Branco.
Seu corpo foi velado e sepultado em Sena Madureira, sua cidade de origem.
Contilnet
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Sorte Grande; Em Sena Madureira pescador captura peixe de 64 kg
O Pescador Adinaildo, morador no Rio Purus

O Pescador Adinaildo, morador no Rio Purus em Sena Madureira residente na comunidade São Luiz, pescou um peixe filhote de 64 kg, em seguida trouxe para ser comercializado na feira dos colonos ao preço de 40 Reais o quilo.
Por Pelegrino Sobrinho, colaborador do AcreOnline

O taxista Nelito de 61 anos, faleceu na manhã desta quarta-feira ,31, em Rio Branco, a causa da morte não informada a nossa reportagem, Nelito por muitos anos trabalhou como Taxista fazendo alinha entre Sena Madureira a Rio Branco e era muito conhecido na cidade. Seu sepultamento deverá ocorrer amanhã no cemitério São João Batista.
Por Pelegrino Sobrinho colaborador do AcreOnline
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