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Política

Marcos do Val confirma proposta de golpe e aponta Daniel Silveira como mentor

Depois de afirmar ter sido coagido pelo ex-presidente

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Depois de afirmar ter sido coagido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a participar de um plano de golpe, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) recuou da declaração e destacou que o ex-mandatário apenas ouviu a proposta. O mentor, de acordo com do Val, foi o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ).

Ele confirmou, no entanto, a participação de Bolsonaro no plano de grampo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Marcos do Val concedeu entrevista à imprensa em seu gabinete no Senado, em Brasília (DF), nesta quinta-feira (2).

Do Val contou ter sido procurado por Silveira em 7 de dezembro, que o chamou para um encontro com Bolsonaro realizado dois dias depois na Granja do Torto. O local abriga uma residência oficial – pública – e é distante cerca de 13,5 km do Palácio do Planalto, que seria o Executivo.

O parlamentar contou ter comunicado o convite de Silveira para o encontro com Bolsonaro a Moraes, que o orientou a aceitar o convite e ir. Do Val disse que tinha uma relação profissional com o magistrado, o que era de conhecimento de Silveira.

Na Granja do Torto, do Val contou que estavam apenas os três e que Silveira começou a expor o plano, enquanto Bolsonaro permaneceu em silêncio a todo momento. Na avaliação do senador, a impressão era de que Silveira estava apresentando um plano na intenção de não ser preso pelo descumprimento de ordens judiciais recorrentes e, por isso, tentava convencer Bolsonaro e ele do plano de grampear o ministro.

“Ficou claro que Daniel Silveira estava tentando encontrar uma forma de não ser preso de novo”, disse. “Foi uma tentativa do Daniel de colocar nós dois na ação esdrúxula”, reforçou.

A proposta consistia em do Val marcar uma reunião com Moraes e ingressar no prédio do STF com um grampo. Então, induzir a conversa para que o ministro admitisse que tinha “saído das linhas da Constituição” em suas decisões, como alegam bolsonaristas.

Ele contou ter negado o plano de imediato alegando que a gravação era ilegal, já que não havia autorização juidicial. Em seguida, ouviu de Silveira que tinha uma “equipe preparada” para tornar a gravação legal e apresentá-la à Justiça. Ele ponderou não saber se a equipe consistia em um juiz com atuação corrompida.

Com a insistência a aceitar participar do plano depois da primeira negativa, do Val contou ter dito a Silveira que pensaria no assunto e, depois, respondeu que “não ia cumprir a missão”. A situação foi relatada posteriormente a Moraes, disse o senador.

O senador contou ainda que foi convencido por Silveira ao não ir ao encontro com Bolsonaro em seu carro oficial. Ele disse ter ido até um ponto de encontro com seu motorista oficial e, em certo local, trocou de veículo para o carro em que estava Silveira. Dessa forma, não passou por identificação ao chegar à Granja do Torto.

Em meio à repercussão sobre o assunto, do Val contou ter recebido ligações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na manhã desta quinta. De acordo com ele, Flávio apenas o convidou para se filiar ao PL e pediu que não renunciasse ao mandato.

Em post nas redes sociais, o senador declarou que deixaria de forma pemanente a vida política. Na manhã desta quinta, no entanto, ele declarou que ainda não decidiu se irá renunciar, mas que não deixará sua suplente, Rosana Márcia Foerste da Silva (Cidadania-ES), assumir ao mandato.

Ele contou ter escolhido sua suplente de forma aleatória ao fazer o registro da candidatura ao Senado, pedindo, na hora, os documentos de Rosana que atuava como secretária de um vereador.

Por Lucyenne Landim- o tempo